Movimento cívico STOP IUC organizou protestos em várias capitais de distrito este domingo.
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Várias capitais de distrito são palco, este domingo, de manifestações contra o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para veículos anteriores a 2007 proposto pelo Governo no Orçamento do Estado para 2024.
Em Lisboa, o protesto é organizado pelo movimento cívico, STOP IUC. Em declarações à TSF, um dos responsáveis pela iniciativa, Hugo Reis, explica que o objetivo é mostrar a revolta de quem vai ser afetado pela medida.
"A ideia não é ser insultuoso, não é ser agressivo - é para mostrar a expressão popular, mostrar quantidade de pessoas (...) que vão sofrer com mais uma medida que não tem grande razão de ser", defende.
"Este acréscimo de coleta fiscal era evitável", considera Hugo Reis, revelando que o movimento cívico se reuniu com todas as bancadas parlamentares e até "na bancada do PS" notou um "desconforto com esta medida".
"Este autoritarismo não fica bem ao Governo e incomoda muito o cidadão comum que se sente profundamente injustiçado", condena.
Hugo Reis espera muita gente nas ruas no protesto alargado a praticamente todo o país. Além de Lisboa, há manifestações previstas na margem sul, Bragança, Braga, Porto, Faro, Évora, Santarém, Castelo Branco.
"Se centrássemos isto grandes centros urbanos estávamos a cometer também uma injustiça de descentralização", explica. "É importante pensarmos precisamente nas pessoas que vivem no interior, que são as mais afetadas porque dependem mais do automóvel para as suas deslocações diárias."
"Dá-me a sensação que podemos esperar multidões, pelo menos nas grandes cidades multidões relevantes", espera Hugo Reis.
A ideia de protesto partiu da grande adesão que está a ter uma petição contra o aumento do IUC, que já reúse quase 400 mil assinaturas. "Achei que era preciso sair à rua", diz o representante do STOP IUC.
Outra manifestação contra o aumento do imposto reúne este domingo motociclistas de todo o país. Os convocados pelo GAM - Grupo Ação Motociclista, partiram de Aveiras de Cima, Alcácer do Sal e Vendas Novas e dirigem-se para o palácio de Belém onde querem entregar uma carta contra o que consideram ser "mais uma medida altamente discriminatória do Governo".
Jorge Gameiro, um dos organizadores do protesto em duas rodas, defende que nem é um aumento, é mesmo um abuso.
"É um aumento absurdo, é um aumento demasiado grande. Falamos de algumas motas que têm vários anos, que nem sequer são veículos de luxo, porque temos que ver a moto como um veículo de mobilidade. É um veículo económico, é realmente uma mais-valia e um aumento de 25 euros em cima de muitos IUC que já são na ordem dos 120 ou 130 euros é demasiado, realmente. É muito, é incomportável e não é uma aplicação proporcional nem direta ao próprio imposto. Não é, no fundo, tolerável", contesta Jorge Gameiro.
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Quem usa a mota para ir trabalhar em vez de um carro sente-se particularmente visado e injustiçado. José Antunes diz que é o seu caso.
"Sou contra o aumento dos impostos sobre as motas e sobre os carros também, mas mais sobre os motas porque a mota é um veículo em que eu, como proprietário, tenho de andar à chuva e ao frio e dizem que é um veículo de luxo quando não é. Muita gente, como eu, usa a mota todos os dias para o trabalho", explicou José Antunes.
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Há quem tenha um veículo utilitário e quem faça da mota um desporto ou um hobby e tenha várias. Para José Felix, também esses têm razão para protesta.
"Porque vai ser realmente um grande rombo nas nossas carteiras, não só por ser fora do normal este tipo de aumento, como temos colegas motociclistas que têm mais do que uma mota nas mesmas condições a pagar. Nós, além de tudo, somos amantes das motas e colecionamos algumas motas apesar do pagamento dos IUC e não estávamos à espera disto. Pessoas que têm dez motas e apagar isto vai ser uma desgraça, não tem cabimento absolutamente nenhum", acrescentou João Félix.
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Já este sábado, centenas de pessoas manifestaram-se contra o aumento do IUC num buzinão convocado pelo Chega. Manifestantes buzinavam em carros estacionados no interior da rotunda do Marquês do Pombal, enquanto algumas centenas protestavam.
O primeiro-ministro anunciou no Parlamento que em 2024 e 2025 haverá um travão que limita o aumento do IUC a um máximo a 25 euros, acusando a oposição de querer assustar os portugueses com o imposto.
Em causa está uma medida prevista no OE2024 que altera as regras de tributação, em sede de IUC, para os veículos da categoria A de matrícula anterior a 2007 e motociclos (categoria E), determinando que estes deixem de ser tributados apenas com base na cilindrada (como sucede atualmente), passando a ser considerada a componente ambiental.
Notícia atualizada às 19h19