Marcelo diz que Sá Carneiro gostava de "missões impossíveis" e Montenegro também
Marcelo salientou que Francisco Sá Carneiro "gostava das missões impossíveis" e "conquistou a pulso" o espaço do PSD. "Acho que o primeiro-ministro também gosta", assinalou
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quinta-feira que o antigo primeiro-ministro e fundador do PSD Francisco Sá Carneiro gostava de "missões impossíveis" e comparou-o a Luís Montenegro nesse aspeto.
Discursando na cerimónia de inauguração da exposição "Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia Portuguesa", em Lisboa, o chefe de Estado referiu que "os grandes teóricos da análise política portuguesa" diziam na altura que o PPD não ia "sobreviver, porque não tinha espaço político para sobreviver".
Marcelo Rebelo de Sousa, que também esteve presente na fundação do partido, disse que "o PPD era considerado um partido impossível", mas "quem estava no terreno sabia que era um partido possível, porque era muito diferente".
O Presidente da República salientou que Francisco Sá Carneiro "gostava das missões impossíveis" e "conquistou a pulso" o espaço do PSD.
"Acho que o primeiro-ministro também gosta", assinalou.
O Presidente da República aproveitou também para comentar a intervenção anterior, do primeiro-ministro, que considerou que o atual Governo é "Sá Carneirista".
"O senhor primeiro-ministro aproveitou para naturalmente falar do Governo, da atualidade, da atualidade da mensagem de Sá Carneiro, de como é sucessor qualificado de Sá Carneiro, o que realmente é verdade", afirmou o chefe de Estado.
Marcelo disse também concordar com Luís Montenegro que, "depois de uma longa governação de outro hemisfério, havia que recriar o partido, e para recriar o partido, a memória de Sá Carneiro é um bom começo".
O Presidente da República lembrou Francisco Sá Carneiro como um "homem de uma coragem ilimitada", uma "figura meteórica", que tinha a capacidade de antecipar acontecimento, e agradeceu-lhe "o ter existido e ter sido como foi".
"Ele foi uma realidade, uma realidade única e irrepetível. Mais ninguém viveu em tão pouco tempo, tanto na criação da democracia portuguesa. E, por extensão, agradecer, como Presidente da República Portuguesa, ao partido que ele criou, que, tal como o outro partido da matriz originária de partidos, o PS, foram essenciais na criação da democracia", sublinhou.
O chefe de Estado afirmou também que Sá Carneiro foi "anti-Salazarista" até "ao fim da vida".
No final, o Presidente da República não quis falar aos jornalistas, e disse apenas que a nova versão da Lei da Nacionalidade ainda não chegou ao Palácio de Belém e está prevista uma reunião "no Parlamento, no dia 6 de novembro", na qual deverá ser fixada a redação final.
Organizada pelo Arquivo Ephemera, a exposição "Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia Portuguesa (1934-1980)", pode ser visitada até 31 de janeiro de 2026, em Lisboa.
Também discursando na inauguração da exposição, o curador e responsável pela Arquivo Ephemera, José Pacheco Pereira, realçou o papel o antigo primeiro-ministro na construção da democracia.
"Conhecer a sua obra é vital para os dias de hoje, quando a democracia sofre uma erosão considerável. Se for conhecida a sua obra para além de um retrato pendurado em sedes, ou estátuas nas ruas, Francisco Sá Carneiro serve hoje como exemplo e ensinamento pelo seu combate sempre pela liberdade e democracia", defendeu.
Pacheco Pereira advogou ainda que "esta exposição é rigorosa no plano histórico, assenta em múltiplos documentos, muitos assinados e manuscritos por Sá Carneiro".
"Do ponto de vista histórico, não há outro Sá Carneiro diferente do que aqui está", afirmou.
