O primeiro-ministro referiu que se inspira "muito nos valores fundadores da intervenção política de Sá Carneiro" no seu legado e nos seus valores
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O primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, afirmou esta quinta-feira que o Governo e a sua liderança são "Sá Carneiristas", indicando que segue os valores do fundador do PPD, entre os quais o da livre iniciativa.
"Sim, este atual governo, o 25.º Governo Constitucional, é um governo 'Sá Caneirista', sim, a liderança do PSD é uma liderança 'Sá Caneirista' e é 'Sá Caneirista' naquilo que é o âmago, o fundamento, o centro, o coração da nossa alma política", salientou.
Luís Montenegro discursava na cerimónia de inauguração da exposição "Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia Portuguesa", organizada pelo Arquivo Ephemera, que pode ser visitada até 31 de janeiro de 2026, em Lisboa.
O primeiro-ministro referiu que se inspira "muito nos valores fundadores da intervenção política de Sá Carneiro" no seu legado e nos seus valores.
Luís Montenegro admitiu que esta consideração poder ser considerada "provocatória, polémica", mas mostrou-se "disponível para discutir" a sua posição relativamente a Sá Carneiro "com quer que seja".
"Eu não tenho nenhum problema em dizer que o Governo atual é um Governo 'Sá Carneirista, Sá Carneirista em toda a sua expressão, em todo o seu instinto e em toda a sua forma de compreensão da sociedade portuguesa, de intervenção na sociedade portuguesa, de transformação da sociedade portuguesa, para cumprir o seu fim último, que é a melhoria das condições de vida e do bem-estar de cada pessoa", explicou.
O líder social-democrata assinalou que as circunstâncias históricas, políticas, a realidade nacional e também internacional, bem como o contexto europeu são "radicalmente diferentes", mas o atual Governo conta com "o mesmo espírito, com a mesma inspiração".
"A inspiração de quem conta com todas as forças da sociedade para criar, gerar mais riqueza, de quem acha que na livre iniciativa das pessoas e das suas instituições nasce a raiz da intervenção social e económica que é geradora de riqueza, de economia, de pujança económica que possibilita ao decisor político prosseguir as políticas sociais que não deixam ninguém para trás e que valorizam a condição individual de cada ser humano, de cada mulher e de cada homem, que atendem àquele que é o desígnio maior de um político, que é dar a cada ser humano uma oportunidade de ele ser aquilo que quer", sustentou.
"O político que nós vemos em Sá Carneiro e em quem nos inspiramos para hoje traduzir na nossa ação em termos de pensamento é aquele político que não quer obrigar ninguém a ser o que não quer, que não quer impor nada a ninguém, mas quer dar os instrumentos a todos para ser aquilo que querem. E depois cada um é aquilo que quer mediante a utilização que faz dos instrumentos que tem à sua disposição", defendeu.
Montenegro considerou que essa "é a raiz do pensamento de Sá Carneiro" e a "raiz do pensamento social-democrata à moda portuguesa", entre o "socialismo e um conservadorismo mais estanque, ali entre o centro-esquerda e o centro-direita, que como Marcelo Rebelo de Sousa tantas vezes invocou e ainda muito antes de ser Presidente da República, como o espaço de intervenção do espetro do PPD-PSD".
Após uma cerimónia com discursos do primeiro-ministro, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do responsável pelo Arquivo Ephemera, José Pacheco Pereira, e do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Paulo Alexandre Sousa, seguiu-se uma visita à exposição.
Estiveram presentes também o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, os presidentes da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, do Porto, Rui Moreira, o cardeal Américo Aguiar, o candidato presidencial e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes ou a secretária de Sá Carneiro, Conceição Monteiro.
