Carneiro diz que PS não é força de "bloqueio" e assume-se como "partido de soluções"
José Luís Carneiro sublinha que os socialistas "não querem bloquear o Governo do país", justificando assim a abstenção na votação do OE2026 para evitar que encontrasse "desculpas para que não se cumpram os compromissos que assumiu com as pessoas"
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O secretário-geral do PS afirmou esta quinta-feira que o seu partido não é uma força de bloqueio do Governo, explicando que os socialistas se abstiveram no Orçamento para impedir que o executivo "encontre desculpas" para não executar os seus compromissos.
Numa sessão de perguntas e repostas com alunos da Escola Secundária António Damásio, Lisboa, sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2026, José Luís Carneiro começou por explicar aos estudantes a abstenção dos socialistas, argumentando que o partido viabilizou o documento por ser um partido de soluções e não de bloqueio.
"Nós não queremos bloquear o país, nem bloquear o Governo do país. Queremos que o Governo faça aquilo que deve fazer, que é cumprir os seus compromissos, tenha legitimidade para o fazer porque foi eleito maioritariamente pelos portugueses, e nós afirmarmos progressivamente como uma alternativa credível", explicou posteriormente.
Carneiro disse que a convicção do PS, a partir do que foi transmitido pelos cidadãos, era de que os portugueses "não queriam uma nova crise política" e pediam ao partido que "contribuísse para estabilidade política" e para que "quem ganhou as eleições possam responder às necessidades do país", evitando "encontrar desculpas para que não se cumpram os compromissos que assumiu com as pessoas".
"Um voto contra de um partido responsável da oposição serviria, para quem ganhou com maioria, dizer: 'Nós não fizemos porque os partidos da oposição foram um bloqueio à nossa ação governativa.' Ora, o Partido Socialista não é um partido de bloqueio, é um partido de soluções", acrescentou.
O secretário-geral socialista recordou que o Governo acedeu à exigência do PS de "retirar dimensões políticas e de políticas públicas do Orçamento", e daí a abstenção do seu partido, mas garantiu que o PS "não deixa de ser crítico" em relação à proposta orçamental, reiterando as críticas ao que diz ser a sua falta de credibilidade.
Carneiro acusou o Governo tem falta de credibilidade na forma como "suborçamentou a despesa e procurou empolar a receita", exemplificando que o Executivo "prevê um corte de 10% na despesa com saúde", um número que não considera credível.
"Todos nós sabemos que não é crível que haja possibilidades de um corte de 10% no setor da saúde, pese embora ontem ter sido notícia de que tinham havido orientações às administrações hospitalares para reduzir nas consultas, nas cirurgias e na aquisição, nomeadamente, de medicamentos", explicou aos estudantes do auditório.
O secretário-geral do PS insistiu ainda na ideia de que o "Governo tem um ano, até ao fim de 2026, para responderem às pessoas na habitação, na saúde, nos rendimentos, para resolverem e executarem o PRR", acrescentando que os socialistas estarão presentes a "fazer oposição às políticas com que não concordam e apresentar propostas alternativas".
Na habitação, Carneiro sublinhou ainda a importância de o país avançar com construções modulares, um Plano Nacional de Construção a Custos Controlados e dar resposta a carências habitacionais de emergência.
"É necessário reforçar essa resposta. Este Governo já veio falar de 59 mil casas e agora já veio falar de 130 mil casas. O orçamento é um vazio em relação a esta dimensão. O Governo disse que iria recorrer ao Banco Europeu de Investimento para financiar essas novas 130 mil casas, mas eu temo que venha a acontecer o que aconteceu com as escolas (...) Eram para ser 450 escolas e, afinal, neste momento, foi comunicado que seriam 30 escolas", disse ainda.
