Marcelo explica condecoração de Zelensky e já espera criticas "à direita e à esquerda"
O Presidente da República quer entregar pessoalmente a condecoração ao homólogo ucraniano numa deslocação à Ucrânia "logo que seja possível".
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Marcelo Rebelo de Sousa justificou esta quarta-feira a decisão de condecorar o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com a Ordem da Liberdade, depois de ter sido questionada pelo PCP e figuras ligadas ao 25 de Abril.
"Há quem se melindre" com a decisão, admitiu o Presidente da República em declarações aos jornalistas em Belém, apresentando prontamente os seus argumentos:
"Eu explico: olhando para a lista de todos os condecorados por todos os presidentes há um ponto comum - há um momento na vida daqueles condecorados (que pode ser muito longo ou curtíssimo) em que tiveram um facto fundamental para a defesa da liberdade - um gesto, uma conduta ou um comportamento."
"Há condecorados que estiveram imenso tempo ao lado da ditadura, que foram condecorados pela ditadura, e depois foram porta-vozes da liberdade e condecorados por isso. Houve quem tivesse um gesto pela liberdade e mais tarde um percurso muito complexo, com processos, com julgamentos e condenações, mas foi condecorado por aquele momento de liberdade."
"Vai haver quem à direita e à esquerda me critique", admite Marcelo Rebelo de Sousa, comparando esta condecoração com a mesma homenagem atribuída aos os capitães de Abril, que foram condecorados por "aquele momento de liberdade", independentemente de como foi a sua vida antes e depois da revolução.
"O caso de Zelensky é muito simples, não vamos discutir o que é que ele foi antes de ser Presidente, como governou como Presidente, há quem goste e quem não goste. Há um facto é que há um ano que ele luta pela liberdade do seu povo", reforçou o chefe de Estado.
E se "certamente" o presidente ucraniano também terá "motivações estratégicas", ressalva, uma coisa é inegável, diz Marcelo - "que ele luta pela liberdade do povo ucraniano, luta. E essa luta, tal como outros gestos de defesa da liberdade, merece a condecoração."
Marcelo Rebelo de Sousa tenciona entregar pessoalmente a Ordem da Liberdade a Volodymyr Zelensky na Ucrânia, "logo que seja possível" fazer uma visita oficial ao país.
Ainda não há data prevista para essa deslocação, mas o Presidente mantém a intenção de visitar Kiev "no momento em que a Ucrânia considere adequado".
Pelo menos mais seis meses de guerra
Sobre a ameaça implícita do Presidente da Rússia, que esta terça-feira anunciou a suspensão do tratado de controlo nuclear que mantinha com os EUA no discurso do Estado da União, Marcelo Rebelo de Sousa considera que "não quer dizer [Putin] que vá usar o armamento nuclear".
"Era o argumento que tinha à mão" para responder "à reação forte" do presidente norte-americano, depois da visita histórica a Kiev, onde Biden prometeu "ficar ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário", defende.
O chefe de Estado espera que a guerra se prolongue nos próximos meses, com a Ucrânia a tentar "recuperar aquilo que perdeu" e a Rússia a "tentar manter aquilo que ocupou".
"Ambos querem chegar ao outono e medir as posições no terreno para cada um perceber se está mais forte ou está mais fraca (...) Os dois tem muito a ganhar e muito a perder."
"Vai jogar-se tudo nos próximos meses", antecipa Marcelo Rebelo de Sousa.