Marcelo sublinha necessidade de políticas públicas para investir na Defesa e proteger democracia
O chefe de Estado falou sobre os impactos da invasão russa e do crescimento de modelos autoritários, durante a abertura do ano académico do Instituto de Defesa Nacional.
Corpo do artigo
O Presidente da República defende que a guerra na Ucrânia veio provar que é preciso alocar mais recursos à Defesa e sublinha a necessidade de defender as democracias, perante as ameaças de que são alvo.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve, esta quinta-feira, no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, para a abertura oficial do ano académico, onde deu a lição inaugural. Uma sessão que contou também com a presença da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras.
Apesar de afirmar que a Rússia não tem "convencido", naquilo que chama de "um ensaio" para "recuperar poder global", o Presidente da República considera que a invasão da Ucrânia "tornou ainda mais inevitável que a segurança e a Defesa tenham uma nova dignidade na hierarquia das políticas públicas, quer na afetação de recursos, quer na dimensão cooperativa presente nas alianças e organizações multilaterais".
Uma visão que é acompanhada pela própria ministra da tutela, Helena Carreiras: "A despesa em Defesa é um investimento na soberania e na segurança de Portugal e dos portugueses, dos nossos aliados e dos nossos parceiros".
"Parte deste investimento é integralmente assegurado pela proposta de Orçamento do Estado para 2023, que será amanhã [sexta-feira] devidamente discutido na especialidade", notou a ministra. "Outra parte é orientada pela lei de programação militar, enquanto principal instrumento para modernização das capacidades militares nacionais. A sua revisão, atualmente em curso, procurará colmatar lacunas e promover a modernização das forças armadas", acrescentou.
No discurso de inauguração do ano académico do Instituto de Defesa Nacional, o Presidente da República abordou também a visão que tem para o futuro da Estratégico de Defesa Nacional: "mais anglo-saxónico do que latino, enxuto, claro na forma, como no conteúdo, flexível, elegendo as verdadeiras prioridades e dispensando rol de sonhos".
Marcelo Rebelo de Sousa que sublinhou ainda que, no momento que se vive, é preciso proteger as democracias. "Com a concorrência alastrada de modelos autoritários e híbridos - cujo encanto colhe não só em países dentro e fora da Europa, mas também em partidos que conquistaram espaço nos sistemas democráticos ocidentais nos últimos anos, temos hoje, à escala global, menos democracias do que há dez ou vinte anos", constatou.
"A democracia precisa de ser cuidada na forma e no conteúdo, preservada nos seus valores inegociáveis, reformada nos seus elementos mais cristalizados, rejuvenescida nos seus protagonistas, numa adaptação às grandes transições que o mundo de facto atravessa", defendeu, apontando a necessidade de "uma capacidade de resposta a problemas concretos de pessoas de carne e osso que formam as comunidades e são, tantas vezes, bem diferentes da visão dos ciclos políticos e mediáticos específicos".
Em tempo de ameaças à paz e a democracia, o Presidente da República sublinha, apesar de tudo, que acredita na capacidade de Portugal para responder a estes desafios.
"A minha confiança em nós próprios nunca esmorece", concluiu.