Médicos no ativo e reformados disponíveis para responder a surto. Cirurgias podem ser canceladas
Depois de o bastonário da Ordem dos Médicos ter apelado aos clínicos para reforçarem a resposta do SNS contra o novo coronavírus, o sindicato vem dizer que os profissionais estão disponíveis, mas é preciso organização.
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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, responde ao bastonário da Ordem dos Médicos e garante que a disponibilidade dos profissionais de saúde nunca esteve em causa. Em declarações à TSF, Roque da Cunha afirma que os médicos têm consciência de que o surto de Covid-19 é "algo de grande dimensão e que necessita do empenho de toda a gente".
Este domingo, o bastonário da Ordem dos Médicos pediu a todos os médicos para reforçarem a resposta dos serviços públicos ao novo coronavírus, pedindo aos que estão fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que também ajudem, incluindo os reformados.
Numa carta enviada a todos os médicos, o bastonário Miguel Guimarães apela ao espírito solidário e humanista dos clínicos, sobretudo os que já saíram do Serviço Nacional de Saúde, e recorda que o novo coronavírus já é uma pressão acrescida num SNS "alvo de grande desinvestimento ao longo dos últimos anos".
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Ouvido pela TSF, o secretário-geral do SIM sublinha que os médicos estão "totalmente disponíveis" e que irão "continuar a trabalhar".
"Os médicos têm estado disponíveis, os médicos reformados também estarão, com certeza, assim haja organização. É o apelo que nós fazemos, para que as pessoas saibam exatamente o que têm de fazer - não só a população, não só os dirigentes das escolas, não só os autarcas, mas também os médicos", referiu Roque da Cunha.
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O líder do Sindicato Independente dos Médicos admite também que, à medida que os esforços dos médicos passem a estar concentrados nos casos do novo coronavírus, há possibilidade de virem a ser cancelados procedimentos médicos noutras áreas.
"Caso aumente, como é previsível, esta epidemia, naturalmente, irão ser afetados os serviços dos hospitais - e os serviços de cirurgia, com certeza, estarão entre eles", alertou Roque da Cunha.
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O dirigente sindical aponta o exemplo do norte de Itália, onde "o sistema de saúde é mais desenvolvido e bastante organizado", e que, neste momento, a necessidade de cuidados intensivos respiratórios está a obrigar a que "alas inteiras de cirurgia estejam vocacionadas exclusivamente para esse tratamento respiratório".
O fundamental, sublinha Roque da Cunha, é que Portugal crie as condições necessárias para que, quando a epidemia alargar, a resposta esteja já devidamente planeada.
Notícia atualizada às 9h59