"Medida começa a chegar às famílias." Deco regista descida no preço dos alimentos
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor não consegue ainda especificar se a descida no preço dos alimentos se deve ao IVA zero ou à fiscalização da ASAE.
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A Deco afirma que os portugueses já estão a sentir uma descida no preço dos alimentos mas, nesta altura, ainda não consegue garantir se esta descida tem a ver com a taxa IVA zero ou com a fiscalização da ASAE.
"Diria que a medida começa a chegar às famílias porque estão já a sentir que existe algum acompanhamento, alguma fiscalização, nomeadamente pela ASAE relativamente aos preços que são apresentados aos consumidores. Por outro lado, aquilo que se tem sentido também é uma diminuição, ou pelo menos um não aumento tão significativo, de alguns produtos. Claro que não sabemos se isto terá ou não a ver precisamente com a redução do IVA nos produtos dos cabazes alimentares. A verdade é que o primeiro efeito, e penso que era o efeito desejável, é que haja uma efetiva fiscalização dos preços dos produtos", explicou no Fórum TSF Natália Nunes, da Deco.
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Questionada sobre as preocupações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que alertou que os portugueses ainda não sentem os resultados da economia e defendeu a necessidade de os bancos aliviaram o peso dos créditos à habitação, Natália Nunes sublinhou que o Governo tem ouvido a banca, mas não quem paga.
"Compreendemos muito bem as preocupações do nosso Presidente da República, até porque são também as nossas grandes preocupações e é com alguma mágoa que nós, Deco, temos visto as medidas a serem aprovadas. Vimos, em novembro do ano passado, ser criada legislação, mais recentemente foi criada também legislação relativamente à bonificação dos juros, em que o Governo ouve a parte da banca, mas não ouve o consumidor relativamente à criação destas medidas", afirmou a responsável da Deco.
Também no Fórum TSF, Rita Valadas, a presidente da Cáritas, afirmou que há muitas medidas, mas pouco se sente.
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"Existem medidas, mas também é verdade que, por muitas razões, algumas de economia e outras pela situação social já muito desgastada das famílias, não se sente chegar. Há algumas medidas e creio que o aumento das pensões fará muita diferença, mas só agora chegou. Até este momento só houve sinais negativos sobrepostos há muito tempo. A situação das famílias tem vindo a deteriorar-se muito e as respostas são encontradas em momentos de crise", esclareceu Rita Valadas.
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No caso da Cáritas, Rita Valadas revela que há doadores que deixaram de poder ajudar.
"As medidas tomadas não são medidas corretoras da situação de pobreza das pessoas, nem das pessoas em situação de vulnerabilidade ou dos muitos doadores que suportam a atividade. Os doadores também não estão em condições de doar. Também estamos a pensar avançar para uma campanha para o nosso programa 'Vamos inverter a curva da pobreza' porque já não conseguimos corresponder ao peso das solicitações que nos são feitas em muitos territórios", confessou a presidente da Cáritas.
Os mais velhos também vivem com dificuldades. Maria do Rosário Gama, presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, contou que as reformas são baixas e quase não chegam para comer.
"A maior parte das pessoas reformadas que vivem neste país têm pensões baixíssimas, abaixo de 500 euros, diria mesmo que são mais de um milhão de pessoas. Com este aumento da inflação, dos alimentos, as pessoas têm cada vez mais dificuldade em chegar ao próprio alimento e isso é algo traumatizante e que causa uma grande falta de alento. Se me disser: 'as pensões vão ser aumentadas agora em julho.' Até lá ainda estamos a viver os efeitos da inflação e esses aumentos eram-nos devido desde janeiro", acrescentou Maria do Rosário Gama, que defende que o país deve tomar medidas estruturais que acabem com as reformas demasiado baixas.
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