Vespa asiática, alterações climáticas e incêndios de outubro de 2017 ajudam a explicar esta quebra acentuada.
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O ouro da montanha quase acabou este ano. Alguns produtores de mel da serra do Caramulo registaram perdas totais, outros tiveram prejuízos na casa dos 90 por cento, naquele que foi "o pior ano de todos" em termos de produção. A vespa asiática, as alterações climáticas e os incêndios de outubro de 2017, que destruíram as colmeias e o alimento das abelhas ajudam a explicar esta quebra acentuada.
Paulo Dinis, apicultor há sete anos, teve um prejuízo na ordem dos 25 mil euros. "Comparando de um ano para o outro foi uma queda astronómica. No ano passado passei pelas seis toneladas e este ano tirei 800 quilos de mel. Se eu tivesse a viver disto o tempo inteiro não dava, não conseguia viver", afirmou à TSF.
Ainda que tinha tido perdas avultadas, Paulo não baixa os braços porque gosta da apicultura, mas também porque sabe que há sempre interessados no chamado ouro da montanha.
"Se tivesse 800 toneladas vendia-as. Bastava pegar no telemóvel e daqui por dez minutos estavam todas vendidas", adiantou.
Segundo as contas da Associação de Apicultores da Serra do Caramulo, este ano foram apenas produzidas oito toneladas de mel na região serrana. Em 2017 eram 60 as toneladas deste "néctar" das abelhas disponíveis.
O mel existente só deve chegar ao Natal, revelou à TSF Isidro Ferreira, da direção da coletividade sediada no concelho de Tondela, que este domingo promove uma festa dedicada a este produto, porque é preciso "celebrar" o fim da colheita, apesar deste ter sido um ano mau para o setor.
"Devemos celebrar e fazer a festa que a apicultura merece porque a abelha tem um papel importantíssimo no equilíbrio dos ecossistemas", defendeu.