Associações que representam os oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas concluíram que as posições de desagrado que cada uma delas manifestou individualmente "são suficientemente explícitas".
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Associações de oficiais, sargentos e praças não gostaram da diretiva sobre a linguagem discriminatória nas Forças Armadas e dizem que há problemas mais importantes para resolver, como o acesso à saúde ou a revisão das carreiras.
Três dias depois de o ministério da Defesa ter anunciado a intenção de rever as formas de comunicação em meio militar, as associações que representam os oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas reuniram-se para analisar o documento e concluíram que as posições de desagrado que cada uma delas manifestou individualmente "são suficientemente explícitas".
A polémica não fica encerrada, mas segundo o presidente da Associação Nacional de Sargentos há assuntos que merecem outra atenção. "Não queremos que este tipo de discussão desvie as atenções do que é essencial", diz à TSF António Lima Coelho.
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Para os militares, neste momento, o essencial é "resolver os problemas das promoções, das progressões, de um sistema remuneratório obsoleto e, acima de tudo, das questões da saúde militar".
"Discriminatória, é a condição em que vivem os nossos camaradas e famílias que estão por exemplo nas regiões autónomas onde, pagando o mesmo que todos os outros, não têm praticamente usufruto deste direito de assistência na doença e na saúde", sublinha o sargento-mor.
Para Lima Coelho, "essa sim, é uma discriminação" contra a qual o ministério da Defesa deveria "empenhar os seus meios e esforços para procurar resolver". O presidente da Associação Nacional de Sargentos considera que a diretiva da linguagem, "é uma mera questão cosmética" quando comparada com os reais problemas dos militares.
Apontando baterias à discussão do próximo orçamento do Estado, "praticamente omisso no fator humano das Forças Armadas", as três associações reclamam também mudanças na carreira militar.
"Gostávamos de ver, definitiva e claramente, sem ninguém titubear, a revisão e atualização do sistema remuneratório porque o atual sistema é altamente discriminatório relativamente às diversas categorias de militares", refere Lima Coelho.
As direções das associações decidiram continuar a reunir-se periodicamente para discutir futuras iniciativas, uma delas é já no dia 6 de outubro. Na passagem dos 110 anos da Implantação da República, os militares vão homenagear o marechal Costa Gomes, "uma figura militar que tanto pugnou pelos defesa pelos valores militares, da cidadania, da democracia e da paz".