Ministra critica PSD "Zelig" sobre salários e garante que Governo "está em plenitude de funções"
No Parlamento, Mariana Vieira da Silva lembrou o filme de Woody Allen para acusar o PSD de fazer promessas a professores e médicos e vir agora manifestar receio sobre a sustentabilidade dos aumentos. E garantiu que o Governo está "em plenitude de funções e vai continuar a tomar decisões".
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Em resposta às críticas da oposição, que nota um Executivo demissionário fragilizado e "sem legitimidade", Mariana Vieira da Silva garante que "enquanto o Governo estiver na sua plenitude de funções continuará a tomar as decisões necessárias", como tem feito enquanto ministra.
"Assim continuarei a fazer até o dia em que estiver na plenitude das minhas funções porque essa é a minha obrigação, foi assim que tomei posse," assegurou, no Parlamento, durante o debate na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2024, citando a aprovação em Conselho de Ministros, por exemplo, dos diplomas sobre aumentos na Função Pública.
Nesse sentido, Mariana Vieira da Silva explicou aos deputados que tenciona aprovar a revisão do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública (SIADAP), antes da publicação do decreto presidencial da demissão do Executivo.
"Estando na plenitude das suas funções, o Governo entende que é sua obrigação aprovar o diploma do SIADAP", afirmou a ministra sublinhando que "o trabalho é para fazer desde o primeiro até ao último dia," embora a deputada do PSD Joana Barata Lopes tenha notado que esta medida " tem" um horizonte maior do que aquele que estamos a tratar, uma vez que o Governo está de saída."
Esta medida que permite uma progressão mais rápida não consta do Orçamento do Estado de 2024 e implica negociação com os sindicatos da Função Pública que, de acordo com o Governo está marcada para uma reunião suplementar no dia 15 de novembro,
A ministra admite que o debate orçamental acontece num "momento particular" e aproveitou para atacar o PSD, acusando o partido de "inverter" o discurso sobre o aumento de salários na Administração Pública, quando foi questionada pela deputada social-democrata Joana Barata Lopes sobre o facto de os aumentos salariais não chegarem aos trabalhadores da Administração Local.
"Eu imagino que a Sra. ministra considera que este aumento dos trabalhadores da Administração Pública seja uma medida sustentável," tinha notado a deputada do PSD criticando o facto de "cerca de 133 mil trabalhadores da Administração Local ficarem de fora."
Mariana Vieira da Silva preferiu centrar atenções na palavra "sustentável" para considerar que o PSD "já inverteu ligeiramente a linguagem."
"Voltou já aquela palavrinha sobre a sustentabilidade dos aumentos que os portugueses lá em casa bem sabem como é que começa e depois onde vai parar," disse a ministra que voltou ao ataque mais tarde, trazendo para o debate um filme de Woody Allen.
"Tem-me feito lembrar por comparação aquele filme do Woody Allen, o Zelig, porque quando está diante dos professores, o PSD não fala de responsabilidade, diz que vai contar todo o tempo de serviço, quando estavam há algumas semanas diante dos médicos, também estavam totalmente disponíveis para todas as suas revindicações, anteontem já vinham dizer que é preciso contratar com o setor privado," criticou Mariana Vieira da Silva.
"Há todo um discurso que nós sabemos bem ao que vai, ao que leva e ao que vai dar,"concluiu.