Montegro reafirma oposição do PSD a imposto sobre lucros excessivos das empresas
O líder social-democrata justifica a posição dizendo que os "lucros já têm tributação".
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O líder do PSD, Luís Montenegro, reafirmou esta segunda-feira a oposição do partido à criação de um imposto aos lucros extraordinários das grandes empresas. A posição do presidente dos sociais-democratas foi tomada após Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS, ter admitido o aprofundamento de medidas de combate a lucros abusivos no domínio fiscal, considerando essencial que essa solução seja consertada na União Europeia (UE) para não deixar Portugal em "desvantagem".
Carlos César, Alexandra Leitão e Pedro Marques são alguns dos socialistas que vieram a público pedir ao Governo a aplicação de um imposto aos lucros abusivos.
"Eu já anunciei a posição do PSD há mais de um mês e verifico que no Partido Socialista a questão é mais controversa do que no PSD. Nós no PSD não somos favoráveis de mais nenhum imposto sobre as empresas, mesmo aqueles que têm nesta fase lucros de uma dimensão maior do que é habitual", declarou Luís Montenegro, à margem do roteiro Sentir Portugal.
O presidente do PSD explicou aos jornalistas que é contra a nova taxa porque entende que, por um lado, os "lucros já têm tributação" e por outro porque a carga fiscal que já é aplicada é a suficiente para o país ser competitivo e atrair investimento.
"Esta é a nossa posição de princípio. Se houver uma decisão à escala europeia teremos que enquadrar a questão nesse domínio", afirmou, acrescentando que cada país deve olhar para essa realidade atendendo à sua própria situação.
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"Acho que quando definimos políticas fiscais ao nível da União Europeia devemos defini-las de uma forma transversal e não só quando interessa a determinados países", disse.
Na opinião de Montenegro, Portugal não deve "ir sempre a reboque dos grandes interesses na Europa".
"Lembro-me dos tempos em que o PS reclamava que era preciso termos uma voz forte na Europa, que o mesmo é dizer, que não devíamos aceitar sem reação todas as diretrizes que dimanavam das instituições europeias. Acho que esta é uma boa oportunidade para o senhor primeiro-ministro poder junto da UE defender a sua posição porque tanto quanto sei a sua posição é igual à minha", declarou.
"Se o primeiro-ministro entende que é essa a posição que o país deve adotar, creio que na UE deve fazer erguer a sua voz, tanto que ele reclamou tantas vezes que era preciso ter uma voz forte na Europa", sustentou.
O tema das pensões continua a dar que falar, com o líder do PSD a acusar António Costa de "andar a brincar com as palavras e com os portugueses".
"O Dr. António Costa não pode brincar com as palavras, o Governo decidiu um corte de mil milhões de euros no sistema de pensões, isso é inegável, eu diria mesmo que isso é matemático", argumentou.
Aproveitando a presença dos jornalistas, Montenegro desafiou o primeiro-ministro a deixar o "estilo de cobardia política" e a confirmar "efetivamente a Portugal e aos portugueses" esse corte.
"Independente do mérito da medida diga, que eu não vou sequer agora discutir, eu estou a tirar mil milhões de euros ao sistema de pensões para as tornar mais sustentáveis no médio e longo prazo. Se é essa a intenção dele, que é aquilo que eu depreendo que possa estar por detrás da sua decisão, não me parece que esteja a fazer isto por maldade às pessoas", referiu.
Questionado pelos jornalistas, o líder do PSD comentou ainda a saída do Parlamento de Rui Rio, ex-presidente do partido. Montenegro disse que via a renúncia do antecessor com "normalidade".
"Ele já me tinha comunicado, aquando da realização das últimas eleições diretas, que o ia fazer e creio que ninguém colocará em causa que esgotada esta fase, este ciclo da vida política do Dr. Rui Rio, ele queria abandonar as funções parlamentares e dedicar-se a outras atividades", comentou.