Mortágua acusa PS de "ignorar problemas", mas garante que "esquerda não é isto"
Para a líder do BE, o orçamento "já era fraco quando o Governo se dizia forte".
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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, acusou esta quarta-feira o PS de "ignorar problemas" e garantiu que "a esquerda não é isto".
No encerramento da especialidade do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), Mariana Mortágua enfatizou que o debate orçamental que esta quarta-feira termina tinha começado "ainda num ciclo político que entretanto terminou", numa referência à crise política que entretanto precipitou eleições antecipadas para 10 de março.
Mortágua sublinhou que o objetivo do Governo é continuar a acenar com excedentes orçamentais, sem dar respostas na habitação, ou aos médicos: "O país está a arder com a crise da habitação e o PS entende que a prioridade é proteger os especuladores imobiliários que pretendem manter aberta a torneira fiscal a favor dos estrangeiros endinheirados, com um custo anual de 1400 milhões de euros."
"O PS teve todas as condições para Governar, com maioria absoluta. Entregou de volta uma política arrogante, de remendos mal amanhados, que deixaram Portugal, e a vida do nosso povo presa por arames. Nada disso mudou", disse.
A coordenadora do Bloco colou as políticas do PS às da direita, no que toca à habitação, afirmando que "a direita não tem uma proposta para o país".
"O desnorte do PSD é tal que volta a tentar que os professores se esqueçam que se juntou ao PS para impedir a recuperação do tempo de serviço. A direita não sabe o que dizer e por isso finge que o problema são os impostos", condenou.
"Quando iniciámos o debate orçamental sabíamos que o faríamos no quadro de uma crise social. Hoje, no dia em que se encerra o debate, sabemos que o Governo juntou a essa crise social uma crise política", acrescentou.
Há uma "economia de favores e de portas giratórias", mas Mortágua garantiu que "Portugal não está condenado" e "a esquerda não é isto".
"A fraqueza deste orçamento não é ser defendido por um Governo demissionário. O orçamento já era fraco quando o Governo se dizia forte e é fraco porque escolhe remendos, quando o país exige soluções. Um por um, os problemas do país foram ignorados pela maioria absoluta. Pelas soluções, responderá agora o povo", em mais uma referência às eleições.
Defendendo que "este orçamento conforta quem vive do privilégio", a líder do BE deixou ainda uma crítica implícita à decisão do PAN e do Livre de se abster no OE2024, sem nunca citar os partidos.
"Pode convencer também quem se deixa levar por promessas de estudos e grupos de trabalho, que decerto recomendarão medidas necessárias, talvez até as mesmas que o orçamento vai recusar no futuro", disse.