O líder do PS refere que Portugal "perde um servidor público e um jurista de valor, um intelectual distinto, um escritor, um homem de causas e um político sem máculas"
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O presidente do PS destacou esta quinta-feira as qualidades intelectuais e a facilidade no relacionamento pessoal que tornaram Álvaro Laborinho Lúcio, antigo ministro da República para os Açores, que morreu esta quinta-feira, aos 83 anos, persona grata na região.
"As suas qualidades intelectuais e a facilidade no seu relacionamento pessoal tornaram-no uma persona grata na sociedade e na política açoriana", escreveu o presidente do PS e antigo presidente do Governo dos Açores, Carlos César, na sua página na rede social Facebook.
Na sua opinião, também reiterada à TSF, Laborinho Lúcio "deixa no país e nos Açores a melhor imagem num cargo que, desde que foi criado, quase todos o pretenderam e pretendem extinguir".
Segundo Carlos César, "pode-se dizer que procurou fazer desse cargo uma provedoria do pensamento político autonómico, mobilizando opiniões e congregando diversidades", acrescentou.
"Mantivemos, a Luísa [mulher de Carlos César] e eu, uma relação de proximidade, também com a sua mulher, quer num plano informal, quer enquanto agiu como ministro da República para os Açores e mais tarde noutras funções. Trabalhei com ele, em boa harmonia e com bons resultados, como Presidente do Governo dos Açores", disse.
O presidente do PS referiu, ainda, que Portugal "perde um servidor público e um jurista de valor, um intelectual distinto, um escritor, um homem de causas e um político sem máculas".
Álvaro Laborinho Lúcio foi secretário de Estado da Administração Judiciária e ministro da Justiça em 1990, durante o Governo de Cavaco Silva, e ministro da República para os Açores, durante a presidência de Jorge Sampaio.
Foi também Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República, diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.
Na Nazaré, foi presidente da Assembleia Municipal.
Mais recentemente, integrou a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
Laborinho Lúcio nasceu na Nazaré em 1 de dezembro de 1941. Na juventude, foi ator amador, tendo participado na criação do Grupo de Teatro da Nazaré.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e obteve o Curso Complementar de Ciências Jurídicas.
Laborinho Lúcio foi membro, entre outras, de associações como a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a CRESCER-SER, de que é sócio fundador.
Entre 2013 e 2017, foi presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho e membro eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.
Laborinho Lúcio estreou-se na escrita de ficção narrativa em 2014, com O Chamador, na Quetzal, editora pela qual lançou mais quatro títulos até ao ano passado: O Homem que Escrevia Azulejos, O Beco da Liberdade, As Sombras de uma Azinheira e o livro de crónicas e outros textos A Vida na Selva.
Já este ano, em março, editou, pela Zigurate, com Odete Severino Soares e ilustrações de Catarina Sobral, o livro Marília ou a Justiça das Crianças.
Foi condecorado em 2005 pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.