Mundo vive em "infodemia". Costa diz que "jornalismo é verdadeiro teste PCR entre a verdade e a mentira"
O primeiro-ministro defende que é preciso "uma cidadania informada como vacina contra os populismos".
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O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que o mundo vive em infodemia e o jornalismo é o teste PCR entre o que é verdade e o que é mentira, criticando a direita democrática por se deixar levar pelos populismos.
"Precisamos de uma cidadania informada como vacina contra os populismos. E só o jornalismo informado garante essa cidadania informada. No mundo em que vivemos, como alguns designam em situação de infodemia, o jornalismo é o verdadeiro teste de PCR entre aquilo a verdade e a mentira. Quando o jornalismo começa por imitar acaba por legitimar o que é falso [fake]. Nessa altura, o que devia ser o original passa a ser o falso do falso [o fake do fake] e perde o seu elemento diferenciador", afirmou o primeiro-ministro.
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O recado foi deixado por António Costa na abertura de uma conferência da CNN Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa, no início de uma intervenção que proferiu ao longo de cerca de 30 minutos.
Logo nas primeiras palavras que dirigiu à plateia, o líder do executivo alertou para o principal risco resultante da desregulação dos mercados que se coloca ao jornalismo profissional, caso, por opção de concorrência, se indiferencie do fenómeno da infodemia que "corre nas redes sociais".
Mas António Costa foi mais longe e estabeleceu depois um paralelismo com a evolução das correntes políticas nas sociedades ocidentais.
"O que acontece na política a muitos partidos da direita democrática face à direita populista é o que não pode acontecer no jornalismo sob pena da democracia perder um dos seus principais alimentos, que é a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa", declarou.
António Costa considera que "o mundo precisa do rigor e da deontologia do jornalismo profissional, aquele que permite distinguir a verdade da mentira; aquele que permite contextualizar evitando a generalização fácil; aquele que permite explicar o que é complexo, que assegura o pluralismo, o contraditório; e aquele que permite preservar a memória, possibilitando a comparação para se perceber o caminho que está a ser seguido".