António Costa defende que é necessário "ter arrojo na reflexão sobre a Europa que queremos".
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António Costa reforçou, esta segunda-feira, que a União Europeia não tem condições, nesta altura, para cumprir as expectativas de alargamento e permitir a adesão da Ucrânia.
Numa conferência da CNN Portugal, o primeiro-ministro pediu uma reestruturação da União Europeia, repensando a política comercial e agrícola, mas também para que os países que querem aderir à União não vejam as expectativas frustradas.
"A União Europeia tem que se reestruturar profundamente se não quiser implodir por força destas novas adesões. Claramente não há condições nem institucionais nem orçamentais para que elas possam ocorrer", afirmou Costa, sublinhando que "é, por isso, necessário, porventura, ter arrojo na reflexão sobre a Europa que queremos".
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"A criação da Comunidade Política europeia é um gesto importante para poder dar um espaço de trabalho em comum sobre questões globais, desde logo as energéticas, a um conjunto diverso de países do continente europeu, aqueles que tem expectativa de entrar para União Europeia, aqueles que não sabem se querem entrar para a União Europeia e até aquele que sabemos que quis e saiu da União Europeia, como o Reino Unido", disse.
Depois de defender a reforma das Nações Unidas, com o alargamento do Conselho de Segurança e o fim do direito de veto de nações em causa própria, o líder do executivo referiu-se de forma desenvolvida à atual conjuntura de guerra na Ucrânia.
"Esta crise colocou no centro do debate a questão do alargamento - e colocou-a de uma forma dramática relativamente à Ucrânia, mas, por arrastamento, também relativamente às múltiplas promessas que ao longo dos anos foram sendo feitas pela União Europeia, criando expectativas, designadamente nos países do Balcãs Ocidentais. Ora, a União Europeia tem critérios muito claros para a adesão dos novos Estados-membros, mas, infelizmente, não tem critérios para a sua própria capacidade para acolher novos Estados-membros", apontou.
Neste contexto, o primeiro-ministro transmitiu a sua posição de princípio: "Sejamos claros, com a atual estrutura institucional, com a atual arquitetura orçamental, a União Europeia não tem condições para cumprir as expectativas que agora está a criar".