Todas as semanas há três sessões de musicoterapia para os doentes que vão ao hospital de dia realizar tratamentos contra o cancro.
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Porque a música é "medicina para a alma", no Centro Oncológico de Vila Real está a ser desenvolvido um projeto que anima os doentes com cancro enquanto fazem tratamentos, nomeadamente de quimioterapia.
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Três manhãs por semana, Francisco Sousa, um estudante do mestrado de musicoterapia, na Universidade Lusíada de Lisboa, vai àquele serviço do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro amenizar um momento considerado doloroso para os doentes.
No início estranharam, mas agora todos agradecem a iniciativa. É o caso de Carla Pinto, 48 anos. Há nove meses que faz tratamentos contra o cancro e desde que começaram as sessões musicais "é mais fácil um bocadinho e as horas passam mais depressa".
O ouvido já não ajuda Gualdino Carvalho, 87 anos, o último dos quais a visitar o Hospital de Dia de Oncologia de Vila Real. No entanto, o aparelho auditivo que usa permite-lhe aperceber-se do ritmo que, por vezes, segue com uma pandeireta. "Ao menos a gente diverte-se", sorri, porque "nem só de pão vive o homem", compara.
Francisco Sousa é o musicoterapeuta estagiário que anima os doentes oncológicos enquanto estão a fazer tratamentos. Diz-se "muito satisfeito" com os resultados e "ainda na semana passada uma doente surda-muda se envolveu e participou" na sessão, o que "foi muito bom". O retorno de quem o ouve enquanto faz tratamentos "tem sido ótimo", o que torna o seu trabalho "espetacular".
A ideia começou por ser implementada pela farmacêutica hospitalar, Cecília Peirone, no internamento de Psiquiatria do Hospital de Vila Real. Tocava guitarra e cantava para os doentes, pois "a música é medicina para a alma". Assevera que "a farmacologia trata o corpo, mas a alma precisa de artes, como música, poesia, entre outras, e faz toda a diferença".
Marta Sousa, diretora do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, tem a ambição de ver a musicoterapia nos quatro hospitais onde são tratados doentes com cancro: Vila Real, Chaves, Lamego e Macedo de Cavaleiros. "O ideal era temos o musicoterapeuta a tempo inteiro para ajudar a alegrar os nossos doentes", admite a responsável. Neste momento "não há enquadramento financeiro", mas a Marta Sousa espera que "quem de direito comece a ver a mais-valia que este trabalho pode ser para os nossos doentes".