Renegociação de contratos com universidades americanas caberá "a novo Governo"
À TSF, Elvira Fortunato garante "transparência" na renegociação de parcerias com universidades americanas. Por outro lado, o antigo ministro Pedro Siza Vieira deixa fortes críticas a Elvira Fortunato.
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A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, garante à TSF que não cancelou parcerias com universidades norte-americanas e remete para o próximo Governo a decisão da renovação dos contratos, que terminam no final deste ano, por uma questão "ética".
"O Ministério não terminou nenhum tipo de parceria com nenhuma universidade americana. Aquilo que aconteceu é que o contrato que existia terminava agora no final de dezembro", disse Elvira Fortunato, acrescentando que foi enviada "uma carta com os termos de um novo contrato a ser renegociado".
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As declarações da ministra surgem depois de o Expresso ter avançado, na sexta-feira, que Elvira Fortunato tinha cancelado o acordo com três universidades norte-americanas - Carnegie Mellon University, MIT e a University of Texas at Austin -, em plena crise política.
À TSF, a responsável pela pasta da Ciência considerou que não faz sentido continuar com contratos que têm mais de 17 anos. Pelo menos não "exatamente nos mesmos termos, porque a ciência evoluiu", argumentou.
"Queremos renegociar os contratos, mas com outros termos", sublinhou, acrescentado que "é fundamental garantir "a formação avançada ao nível das bolsas de doutoramento. "Aquilo que queremos no doutoramento, que não se verifica na totalidade das parecerias, é que têm de existir duplo doutoramento que envolvam universidades em Portugal e americanas."
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Apesar do processo ter começado antes da demissão de António Costa, o Ministério neste momento está a "equacionar se do ponto vista ético e credível o país deve negociar acordos com caráter plurianual", uma vez que estão marcadas eleições para 10 de março.
"Não sabemos em que medida o próximo Governo estará disposto ou não a continuar as parcerias", afirmou.
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Relativamente ao parecer Conselho Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNTI) que analisou as parcerias Internacionais, Elvira Fortunato disse ter tomado conhecimento e garantiu que não escondeu nada, ao contrário do que o jornal ECO este domingo afirma.
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"Se há uma coisa que ninguém me pode acusar é de falta de transparência", defendeu.
"É evidente que o meu interesse é ter o máximo de parcerias com universidades fora de Portugal. A internacionalização é super importante. Não só com estas 3 universidades em particular, mas com muitas outras", concluiu.
O antigo ministro Pedro Siza Vieira criticou este domingo, numa publicação na rede social Linkedln, a responsável pela pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Contacto pela TSF, Siza Vieira não quis acrescentar comentários.
Parceria com Barkeley e Stanford
A ministra da Ciência e Ensino Superior acrescenta que "este ano" foram assinadas novas parcerias com instituições norte-americanas. "Assinámos parcerias com a Universidade de Barkeley e com a Universidade de Stanford. A nossa intenção é reforçar a internacionalização", defendeu Elvira Fortunato.
A governante indica ainda que "Barkeley tem financiamento para pagar a estudantes portugueses, que o país, ao longo destes anos, não tem sabido utilizar". A universidade californiana tem "um fundo de um português açoriano e esse fundo não tem sido utilizado ou tem sido muito pouco utilizado na formação de portugueses ou lusodescendentes".
Já o acordo com a Stanford "é na área da sustentabilidade, uma nova escola que lançaram há dois anos e este foi o primeiro acordo que Stanford fez com uma universidade fora dos EUA".
De acordo com dados da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), há neste momento 136 estudantes portugueses com bolsas de doutoramento em universidades dos EUA.
Notícia atualizada às 21h15