"Não faz sentido." Presidente da Corticeira Amorim "muito preocupado" com abate de sobreiros em Sines
Em declarações à TSF, António Rios Amorim considera que "a lei tem que proteger espécies de crescimento lento", como é o caso dos sobreiros.
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O presidente do Corticeira Amorim critica o abate de quase dois mil sobreiros em Sines para instalar um parque eólico da EDP. Em declarações à TSF, António Rios Amorim levanta algumas dúvidas.
"O intuito das renováveis é claramente melhorarmos também a pegada de carbono das fontes de energia atual. Portanto, fazendo isso destruindo uma das maiores fontes de captura de CO2 do país não faz qualquer sentido. Eu sei que vão dizer que não são 30 ou 40 hectares entre 700 mil que fazem diferença, mas tudo faz diferença, porque nós hoje já temos um défice e é por isso que temos as alterações climáticas. A outra pergunta que eu faço é: será que não havia em Portugal outros 30 ou 40 hectares onde se podia instalar? Tinha que ser exatamente onde existe uma espécie protegida, que é árvore insígnia do país?", questiona António Rios Amorim, assinalando: "Vejo com muita preocupação."
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O presidente da Corticeira Amorim pede cautelas redobradas no futuro, uma vez que o sobreiro demora muito tempo a produzir rendimento.
"A lei tem que proteger espécies de crescimento lento, como é o caso dos sobreiros. Nós estamos apostados em plantar um milhão e meio de árvores durante os próximos cinco anos, mas, mais uma vez, temos a consciência que vamos ter que esperar 23 ou 24 anos para ter o retorno deste investimento. É a nossa matéria-prima, é a nossa indústria, é uma matéria-prima nacional e, portanto, acho que deveria haver aqui uma cautela muito maior e decisões que não levassem a nenhuma outra tentação futura de se autorizarem estes cortes em zonas onde o sobreiro é espécie dominante", sublinha.
Em causa está a construção do parque eólico de Morgavel, da EDP Renováveis, que o Governo considera de "imprescindível utilidade pública", defendendo que estão reunidas as condições necessárias, como a conformidade ambiental do projeto, as autorizações de abate/corte de sobreiros pelos proprietários. Por isso, Duarte Cordeiro autorizou o abate dos sobreiros, uma espécie protegida por lei.
A EDP Renováveis prometeu um plano de compensação pelo abate de sobreiros, que prevê a plantação de cerca de 42 mil árvores e arbustos, das quais 30 mil sobreiros.
A EDP Renováveis tinha pedido autorização para proceder ao abate de 1821 sobreiros numa área de 32,22 hectares de povoamento, localizados nas freguesias de Sines e Porto Covo, União de Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra, nos concelhos de Sines e Santiago do Cacém.