"Não há vontade política." Reunião entre Governo e sindicatos dos médicos termina sem acordo
O Sindicato Independente dos Médicos garante que as greves se mantêm.
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A reunião entre o ministro da Saúde e os sindicatos dos médicos terminou esta quinta-feira sem acordo. O Sindicato Independente dos Médicos vai manter as greves agendadas para as próximas semanas.
"Na próxima semana, em Lisboa e Vale do Tejo, tem todas as condições para se manter, bem como as que vamos fazer no Porto e aquelas que iremos fazer também em Lisboa daqui a 15 dias. São greves parciais e nós gostaríamos de chamar a atenção para isto para evitar que as pessoas sejam afetadas a nível nacional, pelo facto de nós fazermos esta forma de luta para a qual fomos empurrados por parte do Governo", disse à saída Jorge Roque da Cunha.
O sindicalista pede a António Costa e a Fernando Medina que intercedam junto de Manuel Pizarro, porque a proposta apresentada na reunião é insuficiente.
"Vai continuar a fazer com que as pessoas saem do Serviço Nacional de Saúde, vai continuar a fazer com que haja menos médicos nos hospitais, não só nos serviços de urgência, mas em consultas e nas cirurgias, o que vai obrigar os portugueses, além da quantidade de impostos que pagam para o Estado, vai continuar a obrigar os portugueses a fazerem mais seguros de saúde, mais necessidades de intervenção da ADSE e o setor privado a crescer e está a fazer o seu papel. Por isso nós fazemos aqui um apelo ao senhor primeiro-ministro, ao senhor ministro das Finanças, para que junte o senhor ministro da Saúde - que nós não pomos em causa o seu empenho, mas que não tem sido suficiente - para criar condições para que os portugueses tenham um Serviço Nacional de Saúde. Não é possível ter um Serviço Nacional de Saúde universal e tendencialmente gratuito se não houver investimento", considera.
A Federação Nacional dos Médicos também ficou descontente com a proposta.
"Propuseram-nos um aumento de pouco mais de 3,6% transversal para todos os médicos. Em relação à dedicação plena, aquelas condições que os médicos seriam obrigados a aceitar como alteração dos descansos depois de o médico fazer uma noite. O aumento das horas extraordinárias agora não são 300, mas são 250, continua a ser absolutamente inconstitucional. O aumento da jornada diária de trabalho para o valor medieval de nove horas. O trabalho ao sábado para os médicos hospitalares que não fazem urgência. Tudo isso se mantém. Portanto, não há qualquer tipo de vontade política por parte desta equipa ministerial em tentar resolver a situação do dos médicos, nem que, de facto, a população consiga ter um Serviço Nacional de Saúde universal, acessível, de qualidade e eficiente", afirma Joana Bordalo e Sá.
A presidente da FNAM deixa um apelo: "Arrancamos com a caravana, incentivamos mais do que nunca, que os médicos coloquem as minutas de escusa para não fazerem mais do que 150 horas extraordinárias por ano, porque de facto não é possível aguentar mais e é preciso que haja respeito de uma vez por todas."
A FNAM reúne-se em conselho nacional no sábado e irá decidir se avança para uma greve.