«Não me deixe morrer, eu quero viver», gritou hoje José Carlos Saldanha, doente que aguarda tratamento contra a hepatite C, ao dirigir-se ao ministro da Saúde, durante uma audição que decorre na Comissão Parlamentar da Saúde.
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José Carlos Saldanha, acompanhado pelos filhos de duas doentes com hepatite C, uma das quais falecida recentemente, assistiu a várias horas de debate sobre o estado das urgências hospitalares, mas também sobre o acesso aos tratamentos contra a hepatite C.
No meio da discussão, o doente levantou-se e, dirigindo-se a Paulo Macedo, gritou «não me deixe morrer, eu quero viver». Segundo afirmou, este doente com hepatite C terá oferecido a Paulo Macedo metade do custo do tratamento, não tendo recebido qualquer resposta da parte do Ministério da Saúde.
José Carlos Saldanha pediu depois desculpa aos deputados pela sua intervenção, não sem antes avisar Paulo Macedo: «A si, eu vou encontrá-lo».
A intervenção causou celeuma, com o deputado do PSD a solicitar que os restantes dois elementos e filhos de doentes deixassem a sala onde decorre a Comissão Parlamentar da Saúde saíssem, proposta que não foi acatada.
Do lado de fora do Parlamento, cerca de meia centena de doentes com hepatite C e seus familiares exigiram hoje acesso imediato aos tratamentos que permitam salvar quem está em risco de vida. Organizado pela recém-formada Plataforma Hepatite C, a concentração contou também com o apoio da associação de doentes SOS Hepatites e ainda de outros doentes a título individual.
A Plataforma exige ao Ministério da Saúde que trate até ao final do ano as 5.000 pessoas mais doentes e em maior risco de progressão para doença grave. Em causa está a dificuldade de acesso ao medicamento inovador Sofosbuvir, que atualmente só é administrado nos hospitais através de autorização de utilização especial, processo moroso que por vezes pode custar a vida ao doente.