"Não se trata de falha de segurança." Tapete de Bordalo II no altar-palco não é "ilegalidade"
"Não estragamos nada, não entramos em nenhum sítio que esteja totalmente vedado, portanto, nós não trespassamos nenhuma coisa", defende o artista.
Corpo do artigo
O artista Bordalo II expôs esta quinta-feira o "tapete da vergonha" na escadaria do altar-palco, em Lisboa, num protesto contra os custos da Jornada Mundial da Juventude. Na passadeira estavam impressas notas de 500 euros, mas o artista defende-se das acusações.
"Estas notas acabam por ser uma passadeira de alguma vergonha, penso eu, e provavelmente aquilo que eu fiz não é apenas a minha forma de pensar, e acho que o facto de isto ter escalado esta forma é porque muitas pessoas concordam também. Eu acho que a maior defesa que as pessoas fazem em relação a este investimento gigante que houve para isto é que vai haver um retorno. Mas que retorno é este, exatamente? Isto chega às pessoas, vai mudar a vida das pessoas?", questiona o artista em declarações à RTP.
Bordalo II defende que "um investimento deste tamanho deveria ser feito naquilo que é a estrutura de uma sociedade que tem de melhorar muito".
TSF\audio\2023\07\noticias\28\bordalo_rtp
"Na educação, na saúde, na segurança, mesmo nas questões climáticas, na cultura, por exemplo. Acho que o que nós fizemos teve um bom impacto mediático e está a falar sobre assuntos que são relevantes para todos. Não acho que isto seja uma afronta direta, nem a empresa do Vaticano, nem aos crentes. Eu acho que isto não é uma afronta a ninguém. Nós não estragamos nada, não entramos em nenhum sítio que esteja totalmente vedado, portanto, nós não trespassamos nenhuma coisa. Não existe uma ilegalidade ou um crime grave naquilo que nós estamos a fazer", afirma.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, garante que não existiu qualquer falha de segurança.
"Primeiro, não se trata de nenhuma falha de segurança. É muito importante não confundir e então, nesta altura, vai ser mesmo muito importante uma informação rigorosa. A informação que tenho do sistema de segurança interna é de que ainda estão a decorrer obras no local. Os vários empreiteiros e subempreiteiros encontram-se a prestar os seus serviços. A Câmara Municipal de Lisboa é quem tem a responsabilidade e a guarda daquele local. A segurança privada é quem garante, digamos, o apoio aos trabalhos que estão em curso", disse o governante aos jornalistas.
TSF\audio\2023\07\noticias\28\jose_luis_carneiro_cnn
E acrescenta: "Se for lá agora, neste momento, verá dezenas, senão menos centenas de cidadãos, a circularem junto ao Tejo até que as medidas de segurança sejam impostas quando as obras terminarem e, portanto, elas estão a decorrer com toda a sua normalidade com pude ver ontem."
Já o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, desvaloriza a suposta quebra de segurança e aplaude a diversidade.
"O que temos aqui não é um problema de segurança. É um artista quis exprimir e viva a diversidade. Viva a arte. Não há aqui nenhum problema de segurança. Nós não tínhamos ali um ato que estava numa iminência de fazer ou de destruir o palco. Houve uma iniciativa de um artista que ali esteve. Vamos apurar exatamente o que é que aconteceu. Não parece que isso seja grave", disse o autarca, confessando ter achado "graça" ao protesto.
TSF\audio\2023\07\noticias\28\carlos_moedas
Para Carlos Moedas, "a segurança é o papel do Estado e a segurança mais importante é que a segurança das pessoas e a segurança de sua santidade, o papa".
"Nós queremos que a cidade esteja aberta, alguém que queira ir ver o palco vai ver o palco. Obviamente que nestes dias há restrições, mas não se passou nada de mal. Aliás, é com um artista que todos nós conhecemos, que tem feito muitos trabalhos para a Câmara e que ali mostrou a sua voz", conclui o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
O secretário-geral de Segurança Interna, por sua vez, refere que "a área em causa é da responsabilidade da PSP, contudo, pelo facto de, no momento decorrerem trabalhos de construção na zona do palco, o espaço ainda não é considerado um espaço público, sendo responsabilidade do empreiteiro da obra, bem como da empresa privada contratada para o serviço de segurança".
"Nesta fase, o fluxo de construção obriga à entrada e saída de muitos funcionários nas diferentes áreas do recinto. O plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor, a partir do momento em que a obra esteja concluída", explica em comunicado.
Sobre o futuro, o secretário-geral de Segurança Interna garante a segurança no evento: "Reiteramos ainda que, antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP, e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança. O SSI encontra-se a acompanhar de perto a situação e a articular com a PSP as medidas necessárias a acautelar a segurança do recinto."