"Segurança da JMJ, felizmente, não depende apenas do ministro e do presidente da Câmara"
À TSF, Jorge Bacelar Gouveia afirma que o tapete de Bordalo II demonstra uma falha de segurança: "Podia ter sido outra coisa muito pior, como colocar uma bomba."
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O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), Jorge Bacelar Gouveia, considera que a exposição de um tapete de Bordalo II na escadaria do altar-palco da Jornada Mundial da Juventude corresponde a uma falha de segurança que não deve ser desvalorizada.
"Não devemos desvalorizar este comportamento, porque houve uma entrada ilegal num espaço que estava restrito para efeitos que são diferentes daqueles para que serve o espaço. Para uma manifestação artística, mas hostil à Igreja Católica e a iniciativa que estava a ser levada a cabo, o que mostra que qualquer pessoa podia ter feito outra coisa muito pior. Neste caso foi apenas uma manifestação de hostilidade religiosa à iniciativa, através de um tapete que foi colocado no altar", diz o presidente da OSCOT.
Bacelar Gouveia avisa que "podia ter sido outra coisa muito pior, como colocar uma bomba ou sabotar qualquer mecanismo que suportasse, por exemplo, o altar".
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"Não me parece boa ideia estar a dizer que não aconteceu nada e que se deve desvalorizar", insiste.
Para o presidente do observatório, este episódio é "particularmente grave", já que demonstra que "a poucos dias da iniciativa, qualquer pessoa pode entrar no recinto".
"Se isto acontece no palco do principal evento, imagine o que é que está a acontecer no Parque Eduardo VII ou noutras estruturas. Há uma certa ingenuidade em pensar que a segurança dos eventos só deve ser feita no próprio dia dos eventos. A segurança dos eventos é feita antes, porque hoje, sobretudo os fenómenos terroristas - não foi o caso -, são altamente sofisticados e são planeados com muita antecedência", critica.
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Confrontado com as declarações de Carlos Moedas e José Luís Carneiro sobre o que aconteceu, Jorge Bacelar Gouveia não se poupa a críticas: "A segurança do evento, felizmente, não depende apenas do senhor ministro, não depende apenas do presidente da Câmara. Depende, sobretudo, das forças e dos serviços de segurança que estão a dar tudo por tudo, para que o evento corra bem. Além dos serviços de informações. A minha esperança não fica depositada tanto no ministro ou no presidente da Câmara. A minha esperança fica depositada nas pessoas anónimas, certamente, mas muito valiosas que estão a assegurar e as garantias de que tudo corra bem, sem atentados, sem problemas e que são as forças de segurança e os serviços de inteligência."
Esta quinta-feira, o artista Bordalo II expôs o "tapete da vergonha" na escadaria do altar-palco, em Lisboa, num protesto contra os custos da Jornada Mundial da Juventude. Na passadeira estavam impressas notas de 500 euros.