"Nesta fase, o Presidente apaga-se." "Protagonismo" é para quem apresenta propostas aos portugueses
Assumindo que está "num compasso de espera" até às eleições de 10 de março, Marcelo Rebelo de Sousa adianta que é após a "manifestação da vontade popular" que nasce então o "tempo do Presidente".
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, delineou esta terça-feira a existência de "um novo tempo" e defende que esta é a altura do chefe de Estado se "apagar", apontando que "o protagonismo deve ser daqueles que vão oferecer aos portugueses as suas propostas".
"Entrou-se num novo tempo e este tem três tempos: o primeiro tempo agora é, partidos, programas, líderes, congressos, eleições, apresentações de programas e debates entre partidos. Depois, há um segundo tempo que é o do povo: o voto no dia 10 de março. Depois, há o tempo do Presidente, que é o da formação do Governo, tentando encontrar no quadro definido pelo povo, que será aquele que for no dia 10 de março, o espaço e a fórmula que correspondam mais àquilo que foi a intenção do voto popular", explica Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, em Lisboa, à margem da apresentação do livro de Paulo Rangel.
O chefe de Estado defende, por isso, que esta é a "fase dos partidos, dos programas apresentados ou que venham a apresentar e dos líderes políticos, que se candidataram ou vão apresentar candidaturas".
"Isto significa, nesta fase que o Presidente apaga-se. Tem de se apagar", aponta.
Marcelo Rebelo de Sousa, que recusa comentar "comportamentos partidários, sondagens" e, no fundo, "tudo aquilo que faz parte de um tempo que não é o do Presidente", defende que o "protagonismo deve ser daqueles que vão oferecer aos portugueses as suas propostas, tentando convencê-los".
Assumindo que está "num compasso de espera" até às eleições de 10 de março, Marcelo adianta que é após a "manifestação da vontade popular" que nasce então o "tempo do Presidente".
"Primeiro vamos ver o que sucede no primeiro tempo, depois como é que o povo lê o que se passou nestes três meses e como é que vota. Em função do voto popular, aí, [o Presidente] vai procurar a fórmula que no quadro definido pelo povo seja a mais próxima à sua vontade popular", insistiu.
Questionado ainda sobre quando irá exonerar o atual primeiro-ministro, António Costa, Marcelo aponta que a votação final para o Orçamento do Estado para 2024 é já esta quarta-feira, e, por isso, garante que o processo fica resolvido "nos primeiros dias de dezembro".
Confrontando igualmente com as declarações de Costa, que procuravam responsabilizar Marcelo Rebelo de Sousa pela atual crise política, o Presidente reforça: "Estamos neste novo tempo que começou, em que o Presidente, que já não comentava intervenções partidárias, não vai comentar intervenções partidários, pontos de vista partidários. Não pode, nem deve."
Rejeitando novamente afirmações sobre temas que "não são naturais para o Presidente se pronunciar", em relação à polémica com as gémeas luso-brasileiras, Marcelo refere que "foi aberto, e bem, um inquérito contra desconhecidos", uma situação que vê com bom olhos.
"Era importante um esclarecimento dessa matéria", confessa, expressando ainda que "já estava tranquilo" em relação a este processo e que, por isso, continua "tranquilo".
"Deve dar-se a quem investiga, internamente, externamente, o poder de investigar", remata.