Novembro dramático no SNS? Pizarro preocupado, mas garante "esforço" na busca de respostas
O ministro da Saúde diz que o Governo, a direção executiva do SNS e as direções dos diferentes hospitais estão "a fazer todo o esforço possível para arranjar soluções que possam reduzir os casos em que a resposta possa ser mais difícil".
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O ministro da Saúde admitiu, esta quarta-feira, preocupação perante a perspetiva de um mês de novembro dramático no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O alerta foi deixado, na terça-feira, pelo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, que, numa entrevista ao jornal Público, avisava que, se não houver acordo com os médicos, o próximo mês pode ser muito complicado.
Já esta quarta-feira, em Lisboa, Manuel Pizarro assegurou o empenho do Governo na busca de soluções. Ainda assim, o governante admitiu que está preocupado.
"Eu entendo que nós temos que dar um sinal de preocupação e de transparência sobre as dificuldades que estamos a enfrentar, mas devo dizer que, nós, Ministério da Saúde, a direção executiva do SNS e as direções dos diferentes hospitais, estamos a fazer todo o esforço possível para arranjar soluções que, utilizando a rede do Serviço Nacional de Saúde, possam reduzir os casos em que a resposta possa ser mais difícil", garantiu, em declarações aos jornalistas.
O ministro recordou que já no mês de outubro "houve várias perturbações", mas "com o funcionamento em rede dos serviços, conseguimos arranjar respostas complementares de qualidade e de segurança". "Porventura com menos conforto, porque às vezes a distância que as pessoas têm de percorrer é maior, mas estamos a fazer esse trabalho e eu confio que vamos continuar a fazê-lo", sublinhou.
Numa entrevista ao jornal Público e à Renascença, também esta quarta-feira, o ministro da Saúde adiantou que quer avançar, até ao final do ano, com o projeto de equipas com médicos a trabalhar em exclusivo nas urgências nos cinco maiores hospitais do país.
Manuel Pizarro avançou que o projeto deverá avançar nas urgências dos hospitais de São José e Santa Maria (Lisboa), São João e Santo António (Porto) e no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com a criação de Centros de Responsabilidade Integrados.
O ministro defendeu que este modelo "é essencial para se poder depender menos da urgência e da sobrecarga que se impõe aos médicos no serviço de urgência" e explica que é inspirado no modelo das Unidades de Saúde Familiar (USF).
"São equipas multiprofissionais, com um certo nível de auto-organização pelos próprios profissionais e com um modelo de remuneração com três componentes: remuneração-base, suplemento (que será o suplemento da dedicação plena) e uma componente de índice de atividade de remuneração associada ao desempenho", explicou.
O governante disse ainda que o objetivo será que, como acontece nas USF modelo B, o profissional possa aspirar ter cerca do dobro da sua remuneração-base.
"Estamos convencidos de que, com este modelo, como acontece nas USF, vamos conseguir melhorar a organização dos hospitais e melhorar também a satisfação dos profissionais", salientou.
Pizarro disse esperar ter este diploma em negociação ainda em novembro e, até ao final do ano, pelo menos nestes cinco hospitais, lançar o projeto, que pode ser alargado a outros.