Novo projeto do SNS não deixará ninguém de fora. "Doente não é recusado, é orientado para o local certo"
O projeto "Ligue SNS24, Salve Vidas" vai passar a fazer uma triagem dos doentes através da linha SNS24, antes de se dirigirem às urgências. Em entrevista à TSF, Fernando Araújo diz que esta é uma mudança reclamada há muito tempo por todos os profissionais de saúde e garante que o projeto vai chegar a todo o país.
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O diretor executivo do SNS24 afirma que nenhum doente vai ficar sem assistência médica no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O projeto-piloto "Ligue SNS24, Salve Vidas" está a partir desta quarta-feira no terreno, na região da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, passando a ser obrigatória uma triagem dos doentes através da linha SNS24, antes de se dirigirem à urgência de um hospital. Os casos menos graves serão encaminhados para os centros de saúde.
Entrevistado pela TSF, Fernando Araújo garante o atendimento a todos no SNS.
"O doente nunca é recusado, é orientado para o local certo e, portanto, se o local certo for a equipa de saúde familiar, que o conhece e que pode dar-lhe uma resposta mais qualificada e até pode ser atendido realmente com hora marcada, é isso que será feito", adianta o diretor executivo do SNS.
Fernando Araújo esclarece que esta é uma mudança reclamada há muito tempo por todos os profissionais do SNS.
"Nós tivemos, há cerca de dois meses, uma reunião magna sobre o serviço de urgência, que contou com especistas de todo o país, e esta foi das medidas que todos os especialistas reclamaram como das mais impactantes e importantes", diz, assinalando que o SNS deverá "utilizar as recomendações que vieram dessa reunião de peritos". "Vamos implementá-las para que, no final, tenhamos mais e melhor saúde para os portugueses", sublinha.
Depois da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, o projeto "Ligue SNS, Salve Vidas" vai chegar a todo o país. A garantia é do diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, que avança que nas próximas quatro semanas vão ser avaliados os resultados do projeto para, depois, "a partir daí, começar a alargar de forma progressiva, adaptando de acordo com os resultados, mas de uma forma consistente e garantindo sempre a segurança e a qualidade".
Questionado sobre quando é que este projeto será implementado em cidades como o Porto ou Lisboa, Fernando Araújo espera que "ainda este ano possa chegar a algumas das áreas metropolitanas". "Faremos de forma célere, mas de forma robusta, para que nenhum utente fique sem resposta aos seus problemas de saúde", assegura.
Equipas dedicadas e "pagas em função do desempenho"
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares considera que o problema de sobrecarga das urgências do SNS "não tem uma só dimensão" e por isso "não se resolve com uma só medida".
Em declarações esta quarta-feira no Fórum TSF, Xavier Barreto, alerta para a necessidade de reforçar os cuidados de saúde primários e também as equipas que estão nas urgências dos hospitais.
"Temos as nossas equipas muito constituídas por tarefeiros, por prestadores de serviços - pessoas que estão pouco integradas nas equipas", aponta.
O ideal seria ainda alterar o sistema de remuneração, defende o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, com "pessoas pagas em função do seu desempenho, em função da penosidade do trabalho".
No dia em que entra em vigor o projeto-piloto "Ligue SNS24, Salve Vidas", com a possibilidade dos utentes (para já apenas da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde) poderem marcar consultas no seu centro de saúde através da linha telefónica SNS24, Xavier Barreto nota que não há uma mudança drástica no sistema.
"O que nós estamos a dizer aos doentes é que têm necessariamente que fazer primeiro este telefonema para depois serem encaminhados", nota. "Esta possibilidade já existia, o que estamos a fazer é torná-la obrigatória, no fundo, reencaminhando o doente para o local onde ele, à partida, terá melhores cuidados ou cuidados mais adequados à sua situação clínica."
* com Manuel Acácio