"O não do ministro da Educação é o não com que o Ministério tem estado sempre nas reuniões"
O secretário-geral da Fenprof afirma que este foi um ano letivo marcado "por problemas que o Governo não quis resolver". Mário Nogueira acusa o ministro da Educação, João Costa, de "desconfiar" e de "não respeitar" os professores e os sindicatos.
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Em reação às palavras do ministro da Educação que, no Fórum TSF, recusou novas negociações com os sindicatos, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, não estranha.
"Este não do ministro da Educação é o não com que o Ministério da Educação tem estado sempre nas reuniões e no relacionamento connosco. Nós nunca limitámos, nunca esgotámos, nunca afunilámos as questões dos professores para os seis anos, seis meses e 23 dias", defende Mário Nogueira, em declarações no Fórum TSF.
O secretário-geral da Fenprof afirma que este foi um ano letivo com "muitas reuniões marcadas por uma permanente desconfiança do Ministério relativamente às organizações sindicais e aos professores".
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Mário Nogueira avisa ainda que o próximo ano letivo pode voltar a ser difícil se a atitude do Governo for a mesma que tem sido até agora.
"Foi um ano letivo, infelizmente, marcado por problemas que o Governo não quis resolver, que o Ministério da Educação não teve capacidade, competência ou vontade política de dar resposta, um ministro da Educação que desconfia dos professores, que não respeita os professores e as suas organizações representativas e, portanto, infelizmente é um ano letivo que, a continuar assim, nós tememos que se venha a repetir no próximo ano", lamenta.
"A maior luta de sempre na educação em Portugal"
Já André Pestana, do STOP, coloca no sumário deste ano letivo a união dos professores e a luta nas escolas.
"Falar deste ano letivo sem falar na maior luta de sempre, que houve na educação em Portugal é impossível. Acho que o importante é também vermos as causas que levaram tantos milhares de profissionais de educação a abraçarem esta grandiosa luta", refere.
"Temos, tínhamos e continuamos a ter gravíssimos problemas na escola pública que prejudicam não só os seus profissionais de educação, mas também os alunos", sublinha.
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Confap faz balanço negativo: "Está passada a linha vermelha no que diz respeito às greves"
O ano letivo termina esta quarta-feira e a Confederação das Associações de Pais faz um balanço negativo. Paulo Cardoso, da direção da Confap, sublinha que foi ultrapassada uma linha vermelha na luta dos professores.
"O Ministério da Educação tem obrigação de garantir a escola pública, os professores e os restantes agentes educativos que trabalham nas escolas. Isso não aconteceu. Os professores podem ter todos os motivos para fazer greves, mas tudo tem uma linha vermelha e, neste momento, a Confap considera que está a passada a linha vermelha naquilo que diz respeito às greves nas escolas", afirma.
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Também no Fórum TSF, Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores e Escolas Públicas, contesta a acusação da Confap. O ano letivo foi difícil, mas os alunos não foram prejudicados, garante.
"As aprendizagens dos nossos alunos continuaram a realizar-se, o empenho e dedicação dos professores continuaram a manter-se, as greves, a dada altura, era das 9h00 às 10h00, ou seja, a uma hora da parte da manhã. Alguns professores, é verdade, fizeram greve num dia ou outro. Não estou a minimizar a situação, mas com certeza que os professores têm estratégias para recuperar as eventuais aprendizagens que possam não ter sido adquiridas por parte dos nossos alunos", assegura.
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Valorização das carreiras: "O país necessita de uma chicotada psicológica"
Manuel Pereira, presidente da Associação de Diretores Escolares, insiste na necessidade de valorizar a carreira docente.
"É preciso valorizar esta carreira, é preciso incentivar a que os jovens queiram ser professores. Se não valorizarmos a carreira docente, se não protegermos os professores, se não investirmos na educação e nas escolas, provavelmente o país não irá desenvolver-se como nós todos precisamos, irá ficar parado no tempo. Precisamos de um novo olhar para a educação, precisamos de pessoas mais sensíveis a olhar para a educação, precisamos de um Governo que preste atenção à justa luta dos professores. Esta luta dos professores é a luta também dos encarregados de educação, não há uma educação de qualidade com professores desmotivados", explica.
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António Teodoro, antigo dirigente da Fenprof e professor catedrático na Universidade Lusófona, defende um pacto social para a educação. Caso contrário, sublinha que a escola pública corre perigo nas mãos do Partido Socialista.
"Avizinha-se um período de sistemática falta de professores em algumas disciplinas e em algumas regiões do país, e esta situação, além do conflito com os professores, exigirá um pacto e um enorme esforço para atrair os jovens à profissão docente. Não sei se este ministro tem condições para isso, provavelmente não, mas o país necessita de uma chicotada psicológica neste campo. Eu só me junto àqueles que esperam que o próximo ano letivo não decorra como este", diz.
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