Está na estrada a campanha do PSD na corrida às europeias. No arranque, há discursos (subtilmente) cortados, militantes a ver a bola no telemóvel, retoques de maquilhagem e muita ambição de vencer.
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"Ai, tenho de ir à casa de banho retocar a maquilhagem para estar em condições". As palavras saem da boca de uma mulher na fila para entrar no jantar que marca o arranque da campanha do PSD para as europeias. Afinal, não é todos os dias que acontecem eventos desta natureza que juntam personalidades como o presidente do PSD, Rui Rio, (futuro primeiro-ministro de Portugal, anuncia o speaker) e o cabeça-de-lista, Paulo Rangel. Além disso, nunca se sabe se um repórter de imagem não vai estar a filmar.
O momento é importante e o evento está estudado. O speaker pede às centenas de pessoas que se sentem e lembra a existência de bandeiras. Tudo pronto, entram no pavilhão as figuras mais aguardadas da noite ao som do hino do PSD que, há vários minutos, está no modo repetição. E, claro, com bandeiras agitadas de uma ponta à outra.
Voltando ao hino, de facto, na mesa há "pão" para o "povo" que, em "liberdade" e em "paz", escolhe estar ali. As quatro palavras-chave do hino do PSD tocam e voltam a tocar e voltam a tocar e voltam a tocar até ao momento em que começam os discursos.
Sobe ao palco Alberto Machado, o líder do PSD-Porto, que abre caminho para os restantes discursos com farpas aos socialistas e ao candidato Pedro Marques, aquele a quem chama de "atleta medalhado em fake news". No entanto, como o evento está estudado e há tempos a cumprir (e muita gente com fome), a meio do discurso volta a ouvir-se em fundo o hino do PSD numa cena parecida às cerimónias dos Óscares quando os atores estão em palco demasiado tempo. Que é como quem diz: "Próximo!"
Antes de Rangel e de Rio, ainda subiu ao palco o presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa que recebeu o cartão de militante do partido das mãos do presidente.
No menu, pão ("povo e liberdade..."), salgadinhos, água, chá gelado e um vinho verde da região que, no rótulo, deixa claro que é um "vinho não filtrado". Talvez uma espécie de antecipação para o que aí vinha, porque filtros não teve também Rangel a acusar o PS de estar receoso do contacto com a população e que Pedro Marques representa uma candidatura fake. Isto porque, defende o eurodeputado, é o próprio António Costa o adversário nestas eleições.
Já com problemas na garganta, Rui Rio teve de aclarar a voz várias vezes ao longo do discurso, mas a ideia de ataque ao PS e defesa da lista concorrente do PSD já estava bem clara. Rio estabelece mesmo uma hierarquia de prioridades para o executivo: a família, o PS e depois Portugal.
Arranque de campanha a todo o gás, Paulo Rangel motivado com o líder do partido ao lado, no entanto, à hora do Benfica, há quem não resista a conferir o jogo. Prioridades...
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