Pedro Gomes, coordenador do projeto-piloto que está a estudar a semana de trabalho mais curta, defende que esta pode ser uma medida para o problema demográfico em Portugal.
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O economista e investigador Pedro Gomes, coordenador do projeto do projeto-piloto que vai testar a semana de quatro dias de trabalho em Portugal já a partir de janeiro, entende que esta pode ser uma solução para melhorar a conciliação entre a vida profissional e familiar, promovendo a natalidade.
"Há 50 anos, a maior parte das mulheres trabalhava em casa, não no mercado de trabalho e o homem trabalhava muitas horas, mas tinha tudo tratado em casa pela mulher, portanto o tempo em casa era tempo para a família. Agora, sobretudo pela mudança de papel da mulher na sociedade, estando mulheres e homens a trabalhar 40 horas por semana, com as mesmas ambições e com trabalhos muito mais intensivos do que eram antes, quando chegam a casa ainda têm de fazer tudo o que ficou por fazer. Ou seja, quando chegam, não há tempo de família nem tempo de lazer, isto são mudanças estruturais que ocorreram na sociedade e que foram passando ao lado sem nos adaptarmos."
"Há quem diga que a família está em perigo, mas o que coloca mais em perigo as famílias são questões como o casamento homossexual ou a adoção, ou é a falta de tempo? É a falta de tempo que, consequentemente, cria despiques, cria discussões, gera divórcios. Acho que a semana de quatro dias é uma medida concreta que vai beneficiar muitas áreas e daí defender esta ideia."