Numa altura em que o sistema de ensino vive dias agitados, com greves e protestos consecutivos, ainda há quem queira ser professor? A TSF falou com dois jovens de 23 anos que estão a dar os primeiros passos na profissão.
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Miguel Cabral tem 23 anos e foi com esta idade que se apresentou ao serviço numa escola em Oliveira de Azeméis, onde está a substituir um professor de História.
A sua idade está muito mais próxima dos alunos do 7.º ano que dos colegas com quem partilha a sala de professores.
"Senti-me um animal exótico. Olhavam para mim e diziam que eu era muito novinho".
Miguel dá aulas de História. O desejo de ser professor não é de sempre, foi surgindo quando frequentava a Universidade de Coimbra.
"Ali vi um mundo novo e comecei a aperceber-me que esta era a minha vocação".
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Antes de avançar, Miguel Cabral fez questão de escutar alguns dos seus antigos professores, que o aconselharam a avançar com esperança em dias melhores.
Miguel Cabral, 23 anos, estreou-se em fevereiro numa escola em Oliveira de Azeméis, onde vive. Está perto de casa porque está a substituir um docente. A partir do próximo ano letivo sabe que a sua vida pode mudar para algures entre Bragança e Faro.
"Acho que não tenho muitas alternativas. Faço contas todos os dias e já sabia que ia ser assim".
O contrato de Miguel Cabral está quase a terminar, depois vai procurar outras escolas com vagas para que o desemprego não preencha cem por cento do seu tempo.
Não muito longe, na cidade do Porto, Rafael Mees também tem 23 anos e também é novo no papel de professor. Ainda está na fase de estágio numa turma do 12º ano.
"Ao escolher o curso de Filosofia eu já sabia que ou optava pela investigação ou pelo ensino. Eu gosto de dar aulas".
Rafael Mees diz que tem um espírito muito independente que condiz bem com a profissão que escolheu.
"É o mais provável que aconteça, ter que ir dar aulas para longe de casa, mas não me importo, até acho que me vai fazer bem ir para fora".
Rafael e Miguel não vão participar nas manifestações de professores deste sábado, mas estão solidários com a luta da classe.