A EP vai fazer uma inspecção visual a laser à rede viária nacional. À TSF, o Observatório de Segurança das Estradas e Cidades diz que é demagogia para disfarçar a causa dos acidentes.
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As estradas portuguesas têm uma qualidade razoável e não há qualquer distrito que se distinga pela negativa, segundo uma inspecção visual realizada pela Estradas de Portugal (EP) a 13.500 quilómetros de vias.
«Os parâmetros do índice de inspecção visual indicam que entre zero a 2,5 a rede é medíocre, necessita de uma intervenção mais prioritária, de 2,5 a 3,5 é uma rede razoável, a partir de 3,5 é uma rede boa. O índice de qualidade da rede EP mantém-se estável desde 2007, à volta dos três», disse à Lusa Carlos Santinho Horta da Direcção de Conservação e Manutenção da Estradas de Portugal.
De forma global, o responsável considera que «quem circula hoje nas nossas estradas não pode dizer que passa de um país para o outro mudando de distrito».
A EP faz inspecções visuais na rede classificada de estradas (as vias que, por lei, são da responsabilidade da empresa), que são as de maior tráfego e que ligam as cidades mais importantes, de dois em dois anos.
Na rede secundária, as inspecções são feitas de quatro em quatro anos.
«Verificamos a qualidade da rede, que resulta da leitura da degradação dos pavimentos, as peladas, as fissuras, as rodeiras, mas também verificamos se a nossa previsão de evolução (do estado do pavimento) está correta ou não», explicou.
No entanto, a partir da próxima semana, a EP vai iniciar uma nova inspecção visual e com recurso a um novo equipamento a laser que vai «ler» as estradas em termos transversais e em termos longitudinais.
Em declarações à TSF, Nuno Salpico, dirigente do Observatório da Segurança das Estradas e Cidades, critica a inspecção visual que tem sido feita à rede viária nacional, bem como o novo método.
«É abusivo dizer que esse sistema de inspecção visual permite avaliar se o estado das estradas tem parâmetros positivos. Os portugueses não precisam de demagogia. Precisam de verdades e de iniciativas concretas», afirma.
Segundo Nuno Salpico, «as Estradas de Portugal têm por obrigação promover uma programa de correcção das estradas defeituosas e onde o tráfego rodoviário é mais intenso».
E esclarece: «O que fôr feito tem de ser programado e realizado paulatinamente. Não é com charme demagógico que se disfarça uma realidade profundamente negativa e que é causadora dos principais sinistros».