"Omelete sem ovos." Com falta de efetivos, ASPP questiona operacionalidade das "esquadras do cidadão"
Paulo Santos destaca a falta de atratividade das condições de trabalho na PSP e defende, em declarações à TSF, que a concretização dos objetivos do Governo só será possível com "uma perspetiva de melhoria da carreira".
Corpo do artigo
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) teme que o anúncio do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, sobre a criação nas juntas de freguesia de "esquadras do cidadão", seja apenas mais uma ideia que depois não passa à prática.
Paulo Santos, em declarações à TSF, questiona como será possível colocar em prática esta e outras medidas já anunciadas, tendo em conta a falta de efetivos na PSP, destacando que a questão passa por "perceber como é que se pode fazer uma omelete sem ovos".
TSF\audio\2023\09\noticias\23\paulo_santos_omeletes
"Nós precisamos de pensar em fazer uma reestruturação à PSP e, aliás, é uma discussão que tem de se fazer, mas a verdade é que, tendo em conta a realidade da PSP de hoje, com aquilo que são os desafios que já estão em cima da mesa, falo concretamente da reestruturação do SEF e outras valências que temos abraçado, sem que haja uma perspetiva de reforço de efetivos, a questão que se coloca é se estas reestruturações, estas medidas que têm sido anunciadas, vão ser efetivamente aplicadas no concreto com a falta de efetivo que temos", afirma.
O líder da ASPP destaca, ainda, a falta de atratividade na instituição, recorrendo ao exemplo de um curso que termina agora no início do mês de outubro, "onde deveriam acabar 1020 profissionais", mas que a PSP tem dúvidas que tenham chegado aos "550".
O Governo quer criar nas juntas de freguesia "esquadras do cidadão", que vão funcionar como locais de atendimento onde podem ser feitas participações de crimes como furtos. José Luís Carneiro avançou que este novo conceito das "esquadras do cidadão" será realizado por acordo com as freguesias e o serviço de atendimento será prestado por polícias da PSP.
TSF\audio\2023\09\noticias\23\paulo_santos_exemplos_falhados
O presidente da ASPP reconhece, contudo, que estas medidas "são tentativas de resolver o problema estrutural", mas revela não acreditar que sejam "as tentativas corretas para responder aos desafios que se apresentam e que são graves".
"Eu relembro que ainda existe aquilo que se chama a queixa eletrónica, em que as pessoas podem queixar ou exercer o seu direito de queixa no âmbito de um crime através da queixa eletrónica. Eu recordo que esta mesma medida das juntas de freguesia não teve o seu terminus aquando a sua criação. Eu relembro que a questão da esquadra móvel, que teve tanto impacto no nosso verão passado, fruto daquilo que tinha sido o encerramento de uma esquadra do Porto - que foi anunciado com muita poupa e circunstância -, eu questiono se ainda está a funcionar."
TSF\audio\2023\09\noticias\23\paulo_santos_rejuvenescer
Paulo Santos "insiste", assim, que a concretização destes objetivos só será possível com "uma perspetiva de melhoria da carreira, uma melhoria das condições de trabalho" e com a crença de que "os candidatos possam rejuvenescer a instituição", já quem "sem os quadros jovens" não é possível responder "àquilo que são as necessidades".