Estão definidos os locais onde vão ficar os dois centros de apoio à vítima na Jornada Mundial da Juventude. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) vai ainda ter equipas móveis e garantir o funcionamento de uma linha telefónica 24 horas por dia.
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É uma inovação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa.
Pela primeira vez, a Jornada vai contar com Centros de Apoio à Vítima (CAV), depois de conhecidos os abusos sexuais cometidos por padres ao longo de várias décadas.
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Uma das coordenadoras da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), Inês Gonçalves, revela que haverá "técnicos de apoio à vítima, quer no Campo da Graça, que fica no Parque Tejo, e mesmo na Colina do Encontro, no Parque Eduardo VII". Estes 2 CAV serão "o primeiro contacto com a vítima de crime e o apoio não vai esgotar-se com a Jornada".
Esta semana, 1500 chefes de equipa estão a receber formação da APAV, para aprender a lidar com uma queixa de abuso.
Catarina Coutinho, que esteve três vezes na JMJ como peregrina - na Alemanha, Espanha e Polónia - assume pela primeira vez, o papel de chefe de equipa e vai estar atenta ao acolhimento e eventuais abusos durante o encontro. "Temos de estar prevenidos mas ao mesmo tempo, temos de saber acolher bem. O facto de termos apoio da APAV ajuda muitíssimo", afirma.
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Outra estreante na JMJ, Isabel Caetano, 20 anos, guarda uma palavra da formação da APAV: "falaram muito da atenção. Como é que ouvimos a pessoa e olhar mesmo nos olhos, e perceber exactamente o que está a sentir. Nós não somos técnicos profissionais, mas somos o primeiro rosto (da JMJ). Daí, esta atenção e cuidado para o outro".
Os chefes de equipa e voluntários farão "a ponte entre a vítima e o apoio à vítima".
Inês Gonçalves avança que a linha directa da APAV, o 116006, estará disponível 24 horas por dia. A 5 e 6 de Agosto, os dois centros de apoio no Parque Tejo e no Parque Eduardo VII também estarão abertos 24 horas.
Haverá ainda Equipas Móveis de Apoio à Vítima (EMAV's), em Lisboa, Setúbal e Santarém, as dioceses de acolhimento.
O coordenador dos voluntários na JMJ, Pedro Viana, desvaloriza o efeito que a polémica dos abusos sexuais pode ter no evento. "É secundário tendo em conta esta prioridade: que as vítimas possam falar, possam ser escutadas e esta ajuda da APAV e da prevenção vai ajudar a que isso aconteça".
Quanto ao "caos" que o presidente da Fundação da JMJ, Américo Aguiar, antevê para Lisboa, Pedro Viana refere que "quem já esteve numa Jornada, sabe que é inevitável que haja alguma confusão porque é muita gente. Mas também acho que o ambiente em que essa confusão acontece é um ambiente de muita aegria serena. E por isso, acho que vai correr tudo bem.
O mesmo sentimento é partilhado por Catarina e Isabel: "vai ser cansativo, mas vai correr bem" e"contamos com muita alegria.
A JMJ já tem 25 mil voluntários inscritos. As inscrições encerram no dia 18.
No capítulo dos abusos, o apoio da APAV custar 97 mil euros.