Sindicato alerta: depois de pagar comida e dormida, cada polícia só receberá dez euros por dia na JMJ
Ministro anunciou ajudas de custo no valor de 43,39 euros por dia, mas o Sinapol alega que, subtraídos os custos do alojamento e alimentação, sobrarão apenas dez euros.
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O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) contestou esta quinta-feira as afirmações do ministro da Administração Interna sobre as ajudas de custo pagas aos polícias durante a Jornada Mundial da Juventude, considerando que um agente vai receber dez euros por dia.
Na terça-feira, no Parlamento, o José Luís Carneiro garantiu que os polícias envolvidos na segurança da JMJ vão ter redução de horários, remuneração pelo trabalho excecional e pagamento das ajudas de custo a 100%, no valor de 43,39 euros por dia.
Acontece que, pelas contas do Sinapol, os valores reais serão bastante mais baixos, dado que as "ajudas de custo a 100% não significam automaticamente 43 euros no bolso dos polícias todos os dias".
Em declarações à TSF, o presidente do Sinapol, Armando Ferreira, explica que, com estes 43 euros, "o polícia tem de suportar o alojamento, tem de suportar a alimentação e, porque está em diligência, não recebe também o dia do subsídio de alimentação, ou seja são seis euros a menos".
Subtraídas as parcelas, no final do dia, "em média, cada polícia, por estar deslocado da sua família, da sua residência e do seu local de trabalho estará a receber cerca de dez euros", lamenta.
Para o Sinapol, esta realidade é "completamente diferente" da apresentada, uma vez que está a ser dito que "os polícias vão ter direito a ajudas de custo a 100%, mas não se diz em quanto é que, depois, no final, essas ajudas de custo se vão traduzir no bolso dos polícias".
Para o sindicato, os polícias não vão ter uma "justa compensação pelo trabalho que irão exercer na JMJ", lê-se num comunicado emitido também esta quinta-feira.
O sindicato refere ainda que está há dois anos a alertar sucessivamente a tutela para os baixos valores das ajudas de custo pagos aos polícias em diligência, uma vez que desde 2013 que "não sofrem qualquer atualização", estando por isso "totalmente desfasado da realidade económica e financeira do país".
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública já avançou que mais de 10.000 polícias vão estar mobilizados para a segurança e policiamento da JMJ, que ser realiza em Lisboa na primeira semana de agosto.
Dos dez mil polícias, 2700 vêm de outros comandos do país para reforçar o Comando Metropolitano de Lisboa, que tem cerca de 7000 elementos.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
A edição deste ano contará com a presença do Papa Francisco, que estará em Portugal entre 2 e 6 de agosto.
A JMJ de Lisboa esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia da Covid-19.