O Presidente da República não nomeou ninguém quando se referiu aos analistas e políticos que dizem que a dívida portuguesa não é sustentável. Mas a TSF lembra várias declarações nos últimos meses que encaixam no perfil apontado por Cavaco Silva e recupera uma declaração do próprio Presidente na mensagem de Ano Novo.
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O aviso já foi feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Em junho Abebe Selassie, o então chefe da missão do FM, alertava para os riscos da evolução das contas públicas, sublinhando que a dívida poderia tornar-se insustentável.
Também Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, disse em junho na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças que Portugal tinha de cumprir as metas para impedir que a dívida pública se tornasse insustentável e colocasse em causa o financiamento futuro.
Em pleno verão, chegavam também as incertezas de Ricardo Salgado. O presidente do BES perguntava se a dívida portuguesa era sustentável e se seria possível Portugal viver sem uma reestruturação. Ricardo Salgado admitia na altura que dar uma resposta seria muito díficil.
Silva Lopes alinhou pela mesma ideia. O economista e antigo ministro das Finanças veio a público defender que quando a troika sair de Portugal em junho de 2014 vai ter de ser negociado um segundo resgate ou as contas serão insustentáveis.
Mais recentemente, no final do mês de setembro, esta ideia foi defendida por Robert Kahn, especialista em gestão de crises e antigo conselheiro do ex-presidente norte-americano George Bush. Em entrevista à Lusa, Kahn afirmou que a dívida pública portuguesa é insustentável e vai precisar de uma considerável reestruturação.
O especialista em gestão de crises da dívida pública admitiu um segundo resgate a Portugal e aconselhou até um mecanismo europeu de estabilidade para ser utilizado em caso de necessidade.
O próprio Presidente da República utilizou o termo «insustentável» para se referir à dívida pública portuguesa, na mensagem de Ano Novo, a 1 de janeiro de 2013.
Na altura, Cavaco Silva dizia: «É essencial que todos comreendam que as dificuldades que Portugal atravessa derivam de um nível insutentável da dívida do Estado e da dívida do país para com o estrangeiro».