"Ou as instituições mudam a bem ou mudarão a mal." Os alertas de Marcelo no 5 de Outubro
No discurso do 113.º aniversário da Implantação da República, o Presidente da República deixou vários avisos sobre a necessidade de "reformas" em Portugal e na Europa.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisou esta quinta-feira que as instituições nacionais e internacionais "ou mudam a bem ou mudarão a mal". No discurso da sessão solene comemorativa do 5 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que "podemos fazer democracias mais fortes se não nos contentarmos em esperar para ver".
O Presidente da República começou por evocar Portugal há cem anos. "O tempo parecia lento, sobretudo nos mundos rurais". Os nossos avós e bisavós pouco conheciam o automóvel, não conheciam o avião, tinham baixa escolaridade, tinham pouco acesso às revoluções científicas. "O dia a dia era a agricultura", muitos emigravam, e na Europa acreditava-se que a guerra não regressaria.
"Esse mundo e essa Europa e esse Portugal estavam, sem o saberem no começo do seu fim." Foi esse "o fim, do fim desses impérios", com "o último dos impérios europeus a deixar de o ser: o português", continuou o Presidente da República. Muitos países viveram depois ditaduras e "Portugal disso foi testemunha por um tempo que se diria infindável".
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Em 2023, "no meio de uma guerra global", "a balança de poderes no mundo está em mudança - uns a descerem e outros a subirem" Por isso, "ou as instituições, internacionais ou domésticas, mudam a bem ou mudarão a mal", ou seja, "tarde e atabalhoadamente".
Em temas como o clima, a energia, a inteligência artificial, as comunidades - "como as Nações Unidas, União Europeia, CPLP, NATO", não podemos agir tarde demais, apela o Presidente da República. "Tudo isso poderá suceder com a incapacidade ou a lentidão do superar da pobreza e das desigualdades sociais, ou no reconhecimento do papel da mulher, ou do papel das minorias migrantes e em particular dos jovens", alertou. "Podemos fazer democracias mais fortes se não nos contentarmos em esperar para ver."
Os riscos são claros: "Tudo isto poderá suceder e mais depressa do que se pensa: a mudança submergir pântanos, revolver águas paradas, abrir comportas demasiado tempo encerradas", avisa Marcelo.
"A mudança chegar porque se prefere a antecipação ao conformismo, a abertura ao fechamento, a alteração das mentalidades, das instituições e das práticas ao situacionismo e à inércia."
"Só depende de nós" - responsáveis e cidadãos - fazer as mudanças necessárias com informação que os nossos antepassados, diz Marcelo. Aqueles que no passado souberam "retirar lições do passado para evitar cometer erros iguais no futuro acabariam por liderar o futuro".
"Vivemos em liberdade e não podemos deixar morrer essa liberdade", apela o chefe de Estado. Incluindo a liberdade de pensamento e de expressão, "custe o que custar". É preciso que se "reforme a sério" e se siga esse "caminho das reformas, para não termos de ver contrarreformas fazerem ou pretenderem fazer aquilo que fizemos de conta que não importava assumir".
"Em 2023 temos tempo. Não é ilimitado, mas temos tempo. No mundo, na Europa, entre nós. E espaço para abrir aos mais jovens, a novas ideias, a novos caminhos, a tempo, a liderança dos nossos futuros em liberdade e em democracia. A liberdade e a democracia que queremos que triunfarão sempre", termina o chefe de Estado.