Jorge Sampaio defende que a Europa tem de unir-se para responder à pandemia de Covid-19 e considera que esta é uma oportunidade para reavivar o humanismo.
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O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, afirma que a pandemia veio demonstrar que esta é a hora da Europa defender a democracia e de redescobrir o humanismo.
Num artigo que assina, este sábado, no jornal Público , Jorge Sampaio defende que "é hora de reconhecer o papel insubstituível da confiança dos cidadãos no Estados e nas suas funções essenciais".
O antigo Presidente lança um prognóstico: a hiperglobalização "tem os dias contados", mas isso não significa um regresso ao "localismo serôdio", nem aos "nacionalistas de má memória". Sampaio espera que no horizonte esteja um momento de reinvenção de alguns setores económicos e de correção da fratura digital, que estava a deixar muita gente para trás.
"O choque emocional, cultural e civilizacional que esta pandemia possa ter causado, para além de todas as reflexões e cogitações que um confinamento de inusitada duração suscita, poderão traduzir-se a prazo numa consciência mais apurada e crítica do modelo de sociedade em que pretendemos viver, com a consequente alteração de expectativas, exigências e comportamentos. Esse poderá ser um resultado positivo deste sobressalto existencial", indica o antigo Chefe de Estado.
Para a Europa, Jorge Sampaio espera um plano robusto, que reconstrua a economia e provoque um sobressalto civilizacional, revigorando a União Europeia - que deverá passar a contar só com aqueles que desejam, verdadeiramente, um projeto europeu forte.
"Temos de conseguir aproveitar este choque exógeno que ninguém esperava nem antecipou para sair mais fortes, mais decididos a proteger um modelo social mais inclusivo e determinados a enveredar por um paradigma de desenvolvimento mais sustentável", refere.
"Ou reforçamos a cooperação e a solidariedade mundiais ou será a espécie humana que estará em risco; ou acordamos num plano comum de paz e desenvolvimento ou não haverá vencedores mas apenas vencidos", resume.
O antigo Presidente da República conclui que o sobressalto civilizacional que vivido tem de ser transformado numa "oportunidade de renovação do pacto europeu" e que, só desse modo, "como a Fénix, haveremos de renascer".
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