"País de chico-espertos." Cada vez mais jovens usam truque para chegar ao Ensino Superior sem provas de acesso
O mecanismo usado foi criado para permitir a quem não termina o secundário poder chegar à universidade.
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Há um truque que está a ser usado por cada vez mais jovens para chegar ao Ensino Superior sem ter de passar pelo concurso anual de acesso depois de concluído o ensino secundário. Os jovens estão cada vez mais a fazer uma pausa e, depois, utilizam o mecanismo que permite aceder a vagas para maiores de 23 anos.
O mecanismo foi criado para permitir a quem não termina o secundário poder chegar à universidade. Segundo um estudo citado pelo Jornal de Notícias do investigador Alberto Amaral, que já foi presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e é agora presidente da Comissão Independente para a avaliação da aplicação do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, 90% dos alunos que chegam ao Superior pela via das quotas para maiores de 23 anos concluiu o 12.º e, entre estes, são muitos os que terminaram o secundário há um ou dois anos.
Para entrar no curso estes alunos têm de candidatar-se diretamente nas escolas e realizar uma prova que nada tem a ver com os exames nacionais. As vagas podem ainda ser abertas para alunos internacionais que, nos últimos anos, têm sido uma das grandes fontes de receitas das escolas.
No entanto, as regresas nem sempre foram assim. Até 2006 era preciso deixar correr algum tempo antes de usar este mecanismo.
Com a facilitação aumentou o número de alunos sem o 12.º ano. Por isso, Alberto Amaral sugere que seja reintroduzido um prazo mínimo.
Olhando para os números de 2022, dos mais de 4500 alunos do Ensino Superior que entraram com as quotas para maiores de 23 anos, já com o ensino secundário feito, mais 550 terminaram o secundário nos três anos anteriores.
Perante estes dados, Alberto Amaral é crítico. Chega a descrever Portugal como "um país de chico-espertos" para depois dizer que não é errado impulsinar o regresso à escola dos alunos mais velhos, mas não deste modo.