PAN apela a Costa que "aproveite a oportunidade" para "mexer no Governo" e demitir Galamba

Inês Sousa Real apela a António Costa que "aproveite a oportunidade" criada pelas buscas em São Bento a propósito dos negócios do lítio e hidrogénio verde para "mexer no Governo" e demitir o ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Ressalvando que é preciso "salvaguardar o princípio da presunção de inocência" e confiar "na PGR e no trabalho do Ministério Público", a líder do PAN diz que é preciso fazer uma distinção entre o que pertence à justiça e o que diz respeito plano político no caso das buscas em São Bento.

"Em relação à dimensão política, não podemos deixar de referir duas questões: por um lado, o ministro Galamba já há muito tempo que não reúne, no entender do PAN, as condições para se manter em funções, e com incredulidade verificámos que António Costa optou por teimosamente manter o ministro em funções quando já o deveria ter demitido."

"Soma-se a isto estes casos graves, que já tinham vindo até público, de suspeição relacionada com os negócios do lítio e do hidrogénio verde", aponta, recordando que o PAN apresentou na Assembleia da República propostas para que fossem "divulgados relatórios sobre transparência dos beneficiários" destes negócios.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Inês Sousa Real apela ao primeiro-ministro que "aproveite esta oportunidade, daquilo que tem sido a instabilidade política que o país tem, para mexer de facto no Governo."

"O apelo que o PAN faz é que haja bom senso de António Costa de não manter este ativo que tem no Governo, que é João Galamba, afirma, condenando a "opacidade" com que o ministro das Infraestruturas "tem gerido os dossiês que tem a seu cargo".

A líder do PAN lamenta ainda que se viva um momento de "incerteza perante aquilo que vai ser o futuro deste Governo", numa altura em que o país devia estar preocupado com o Orçamento do Estado.

Está em curso esta terça-feira uma operação de buscas em vários ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palacete de São Bento, com 140 operacionais no terreno.

Em causa estarão os negócios do lítio e de hidrogénio verde, num processo que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e o ex-ministro João Matos Fernandes, que, de acordo com o jornal Público, serão constituídos arguidos.

Foram detidos detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, um consultor próximo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, o presidente da câmara municipal de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas.

O primeiro-ministro esteve cerca de meia hora reunido com Presidente da República em Belém. António Costa tinha agenda no Porto esta manhã, mas pediu para ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa na sequência desta operação.

O Presidente da República recebeu o primeiro-ministro a pedido deste, confirmou à agência Lusa fonte da Presidência da República".