Quem já consumia mais canábis aumentou os consumos. Sem festas ou discotecas, ecstasy e cocaína passaram a ter menos procura.
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O último relatório europeu sobre drogas revela uma grande disponibilidade de todos os tipos de drogas no velho Continente, mas também mudanças neste mercado clandestino provocadas pela pandemia.
Um impacto que se sentiu, nomeadamente, nos padrões de consumo com "sinais de declínio no interesse em substâncias normalmente utilizadas em contextos sociais (ecstasy e cocaína)", num contexto em que as festas e discotecas continuam fechadas ou altamente limitadas.
Por outro lado, há um aparente aumento do consumo de outras substâncias como canábis e novas benzodiazepinas (fármacos psicotrópicos).
João Matias, investigador do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, refere à TSF que tudo indica que a subida nos consumos de canábis sentiu-se em quem já consumia mais, anteriormente, este tipo de droga, num padrão Europeu que também deu sinais de ter acontecido em Portugal.
As razões para este aumento do consumo de canábis estarão relacionadas com o "nervosismo ou ansiedade" ligados ao confinamento, mas também ao facto de serem pessoas que já conheciam as 'redes' para comprar o produto.
O relatório agora publicado mostra igualmente como os grupos de crime organizado se adaptaram rapidamente à pandemia, aumentando a utilização de tecnologias digitais na compra e vende de drogas.
O documento, que se devia referir apenas a 2019 mas que acaba por fazer o ponto da situação nos mercados de droga durante a Covid-19, sublinha que o último ano ficou marcado por uma "grande disponibilidade de todos os tipos de drogas, pela produção de drogas na Europa e pelas substâncias de elevada potência".
O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência aponta uma "crescente disponibilidade de todos os tipos de drogas ilícitas que agrava os riscos para a saúde" e "um recorde de apreensões de cocaína na Europa em 2019", chegando a um total de 181 toneladas, 5,5 das quais apreendidas em Portugal.
Portugal foi, em 2019, o sexto país europeu com maior volume de cocaína apreendida pelas polícias, apenas ultrapassado pela Bélgica (53 toneladas), Espanha (48), Holanda (40), França (16) e Alemanha (8).
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