Pandemia travou temporariamente bolsa de emprego para pessoas em situação de sem abrigo
A Câmara de Lisboa garante que a promessa das bolsas de emprego não foi esquecida, apenas adiada. Há um ano foi anunciada uma bolsa de emprego municipal com 200 vagas destinadas a pessoas nesta situação, mas a crise sanitária veio travar o projeto.
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A Câmara Municipal de Lisboa garante que não está esquecida a promessa de dar emprego às pessoas em situação de sem abrigo na cidade. Há um ano foi anunciada uma bolsa de emprego municipal com 200 vagas destinadas a pessoas nesta situação, mas a crise sanitária veio travar o projeto, como reconhece Manuel Grilo, vereador dos Direitos Sociais.
"A mobilização das 200 vagas para a Câmara Municipal de Lisboa foi muito prejudicada pela pandemia, que levou a que houvesse necessidade de reconverter muita gente em muitas outras funções, e passasse muita gente para teletrabalho", admite o vereador. "Grande parte dos recursos humanos ficou alocada ao recrutamento, por exemplo de assistentes operacionais para as escolas, de assistentes técnicos para as escolas. Portanto, não foi possível que os recursos humanos tivessem disponibilidade para montarem uma estrutura para esta oferta de emprego na Câmara Municipal de Lisboa."
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A Covid-19 impediu para já que houvesse "oportunidade para organizar esta resposta", mas Manuel Grilo garantiu à TSF que espera acionar em breve esta bolsa de emprego. Quanto à resposta que tem sido dada às pessoas em situação de sem abrigo, o vereador não vê razões para alterar a estrutura de apoio, conhecida como NPISA.
Nos últimos dias foi notícia o desagrado de algumas associações pela forma como funciona este Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo. Trata-se de uma estrutura coordenada pela Câmara e onde também trabalham a Santa Casa da Misericórdia, a Segurança Social e perto de 30 associações que trabalham com pessoas que vivem na rua temporariamente.
Têm também surgido algumas queixas de associações que querem entrar para o projeto e não conseguem. Manuel Grilo, vereador dos Direitos Sociais na Câmara de Lisboa, assegura, no entanto, que a estrutura está a funcionar bem. O vereador considera que não há razões para alterar as regras de funcionamento do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo.
"Terminámos o ano com 356 pessoas em situação de sem abrigo, que comparam com 435, de janeiro de 2020. Diminuímos, apesar da crise, apesar de terem chegado à rua muitíssimas pessoas ao longo deste ano", esclarece o representante da Câmara para os Direitos Sociais. "Se a resposta não fosse boa, naturalmente tínhamos de alterar a estrutura, mas eu tenho uma avaliação muito positiva da resposta que está a ser dada."
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Uma das mais recentes associações a entrar na rede solidária criada pela Câmara de Lisboa é a Associação Vida Autónoma, liderada por Rochele Kothe. Há dias, vieram a público algumas divergências entre associações mais antigas, mais recentes, e até as que não têm ainda acesso a esta rede municipal. Rochelko Kothe assume a juventude da associação que lidera, mas não a inexperiência. "Não é verdade, de todo, que não temos experiência", declara.
Há técnicos com experiência na associação e a quantia necessária por utente é também esclarecida: serve para salvaguardar, por exemplo, a resposta habitacional (quartos duplos individuais). "O montante dos 16 euros diários é um valor transversal a todas as instituições que têm um projeto semelhante ao nosso"
Manuel Grilo, do Bloco de Esquerda, afiança: "O apoio aos sem-abrigo em Lisboa não tem paralelo em Portugal, está a funcionar muito bem. Haverá algumas pessoas descontentes por qualquer motivo, nem sempre por bons motivos."
"A estrutura da resposta municipal permitiu responder à crise, com a criação de equipamentos de emergência, onde estão 200 pessoas, mas por onde passaram 700. Nós conseguimos que para 500 pessoas, que teriam caído na rua entre março e dezembro, fossem montadas respostas, seja em termos de quartos, seja em termos de empregos e casas."
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