Papa quer desfavorecidos na linha da frente da JMJ. Padre Agostinho Moreira diz que revela "projeto fraterno"
O presidente da EAPN Portugal (Rede Europeia Anti-Pobreza) defende que é urgente definir a fraternidade entre os povos como prioridade.
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O papa quer os jovens mais desfavorecidos na linha da frente dos eventos da Jornada Mundial da Juventude. Algo que, para o padre Agostinho Moreira, presidente da EAPN Portugal (Rede Europeia Anti-Pobreza), é mais do que revelar a prioridade multicultural.
"É importante perceber que os critérios do reino de Deus não são os critérios do reino deste mundo. Uma vez que este papa tem dado, e bem, a prioridade da atenção aos pobres para afirmar que o ser humano é portador, todo ele, igualmente da mesma dignidade. Penso que é um sinal dado, mundialmente, a todos os pobres do mundo, de um projeto, uma sociedade que nasce no projeto de Deus, um projeto fraterno de dar prioridade àqueles que são vítimas da injustiça ou do desrespeito pela sua dignidade", explicou Agostinho Moreira.
Em dia de se celebrar a Tomada de Bastilha, símbolo da revolução francesa e de luta pelos princípios da liberdade, fraternidade e igualdade, este responsável pela Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal defende que é urgente definir a fraternidade entre os povos como prioridade.
"É dar a prioridade àqueles que, por razões socioeconómicas, não têm acesso a viver ao nível das outras culturas, das outras sociedades na construção da fraternidade. Aqui o objetivo para mim, na minha leitura, é dizer que precisamos de construir a fraternidade entre os povos e, por isso, dar a mão e a atenção àqueles que são mais vítimas, mais afastados dessa possibilidade", sublinhou o padre.
Para este responsável é urgente recentrar a prioridade no ser humano e não o lucro, tal como revela o próprio relatório da ONU, que mostra que, nos últimos três anos, com a pandemia, inflação e a guerra, cerca de 165 milhões de pessoas entraram na pobreza.
"A riqueza cada vez está nas mãos de menos pessoas e, portanto, a classe média começa a ser a mais fustigada, a mais castigada e com uma tendência a diminuir e quase desaparecer. Isto nota-se a nível do capitalismo liberal, o capitalismo selvagem, onde, de facto, estas grandes bolsas económicas vão acumulando os bens e, portanto, aquela máxima que se dizia noutros tempos que desde que houvesse desenvolvimento, depois os pobres desapareciam, não faz sentido, estamos a verificar o contrário. Penso que este sistema está a ser a causa desta desta situação e é necessário repensar e corrigir o sistema porque está a levar a assimetrias tão grandes es desequilíbrios onde as pessoas não conseguem viver, nem se conseguem realizar, não conseguem ser felizes porque não têm acesso à vida da minoria, que são os mais ricos", acrescentou.
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Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com o Papa Francisco, de 01 a 06 de agosto.
O papa, primeiro a inscrever-se na JMJ, chega a Lisboa no dia 02 de agosto, tendo prevista uma visita de duas horas ao Santuário de Fátima no dia 05 para rezar pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do papa João Paulo II, após o sucesso de um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.