Ainda não há acordo entre Passos Coelho e Paulo Portas. A renegociação dos termos da coligação, para tentar encontrar uma saída para a crise aberta esta semana, vai continuar esta manhã.
Corpo do artigo
Passos e Portas estiveram reunidos ontem à noite durante cerca de duas horas, em São Bento.
A manhã deve ser agitada para os dois, já que a partir das 8h30 estará reunido o Conselho de Ministros (CM). Formalmente, se nenhum estiver presente no CM, será a recém empossada Maria Luís Albuquerque a presidir à reunião.
Ontem à noite, ao fim de duas horas de conversa, os gabinetes dos dois protagonistas faziam uma leitura ligeiramente diferente da forma como decorreu a primeira ronda de negociações.
Enquanto o gabinete de Pedro Passos Coelho fala de um encontro «muito produtivo», o gabinete de Paulo Portas limita-se a usar a palavra «produtivo», sublinhando que nada ficou fechado nesta primeira ronda negocial, e que só haverá acordo se o Primeiro-ministro mudar radicalmente de atitude.
A exigência base de Paulo Portas é clara, que Passos Coelho comece a governar, de facto, em coligação, partilhando com o parceiro as grandes decisões.
Esta é, de resto, a mais recorrente das queixas que a TSF ouviu nos últimos dias, sempre que contactou fontes do CDS, dentro e fora do governo - que o Primeiro-ministro decide sozinho, sem escutar o parceiro de coligação, e ignorando as reservas de Paulo Portas em questões decisivas, como as duas TSU, ou a escolha de Maria Luís Albuquerque para as Finanças.
À parte estas exigências de base, no relacionamento entre Passos e Portas, a TSF não conseguiu confirmar outras condições de um eventual caderno de encargos do líder do CDS.
O certo é que, mais logo à tarde em Belém, Passos Coelho só vai apresentar a Cavaco Silva uma solução de saída para a crise, se entretanto conseguir convencer Paulo Portas de que, a partir de agora, vai passar a reconhecer que o peso específico do CDS no governo está bem para lá dos 11,7% de votos que o partido conseguiu nas eleições de Junho de 2011.