O deputado comunista João Dias defende, em declarações à TSF, que a meta de ter 38% dos cereais produzidos em território português - definida na estratégia aprovada pelo Governo PS há cinco anos - está a falhar.
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O PCP lamentou este sábado que existam muitos agricultores que ainda não receberam qualquer tipo de apoio, por causa do IVA Zero, ao contrário do que estava previsto, sublinhando que "aqueles que mais precisam" já nem sequer vão poder "candidatar-se" a estas ajudas.
A ministra da Agricultura garante que já foram pagos 140 milhões de euros, acordados entre o Governo e os setores da produção e distribuição agrícola, para compensar o ajustamento dos preços dos alimentos, mas, à TSF, o deputado comunista João Dias garante que aos pequenos produtores não tem chegado qualquer verba.
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"Passado todo este tempo, estamos a falar já de seis meses, os agricultores continuam a queixar-se de que os apoios não chegam e, nomeadamente, aquilo que sempre suspeitamos, que são aqueles que precisam mais destes apoios, os pequenos e médios agricultores, já nem vai ser possível candidatarem-se a estes apoios", alerta.
João Dias afirma, assim, que era preciso haver "uma distinção entre aqueles que estão mais expostos às dificuldades para manter a atividade agrícola", uma vez que "o grande problema" é precisamente "a má distribuição" destes apoios.
O deputado comunista pede, por isso, transparência sobre como a medida do IVA Zero está a refletir-se tanto nos preços para os consumidores como nos apoios para os produtores, numa altura em que, alerta, a produção nacional está ameaçada.
João Dias nota que a meta de ter 38% dos cereais produzidos em território português - definida na estratégia aprovada pelo Governo PS há cinco anos - está a falhar.
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"A verdade é que nós importamos muitos, mas muitos cereais dos quais precisamos, dar exemplo que produzimos 6,4% do trigo que precisamos. O milho também é uma área muito significativa e, portanto, precisamos que exista a identificação das terras que tenham perfil para produzir cereais, que essas terras sejam produzidas e não sejam usadas com outras culturas, nomeadamente culturas permanentes, e para que se promovam os cereais, é necessário medidas que garantam o rendimento dos agricultores", garante.
O PCP propõe, por isso, que se crie uma carta de aptidão para a cultura de cereais e que seja feito um acompanhamento da estratégia nacional para promover a produção destes alimentos.
A proposta vai a debate no Parlamento na próxima semana. Já este sábado, o PCP vai estar no terreno com visitas a explorações de cereais, em Ferreira do Alentejo e na Comporta e um encontro com a Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal.