A confederação dos agricultores assinala que noutros pontos do planeta "vemos os governos a ajudar as pessoas" após fenómenos meteorológicos, enquanto em Portugal o Governo parece não ter "acesso a essas imagens nem a essa realidade".
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Os agricultores afetados pelas intempéries do último fim de semana já estão a fazer o levantamento dos prejuízos sofridos no seguimento de um pedido feito pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). A queda de chuva e granizo nos últimos dias destruiu várias culturas como, por exemplo, vinhas, olivais, pomares e hortas em Trás-os-Montes. À TSF, o secretário-geral da CAP, Luís Mira, explicou que foi pedido um "levantamento" das perdas de quem teve este "infortúnio".
"Alguns deles perderam grande parte da sua produção deste ano, com especial incidência no olival. Isto tanto aconteceu no Norte, como também no Sul, a zona de Ervidel também tem alguns relatos dessa situação", explicou.
Perdidas as culturas que entrariam agora na época de colheita, Luís Mira admite que os danos em algumas plantas podem ainda provocar "prejuízo na próxima campanha" e lamenta que o Governo português não seja mais expedito nos apoios.
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"Nós assistimos a fenómenos desta natureza, que são completamente normais, noutras partes do globo - e com maior severidade -, mas depois vemos os governos a ajudar as pessoas. É para isso que serve esse tipo de situação em que o Governo pode intervir a nível central. Não acontece aqui, parece que são só os cidadãos e os agricultores que veem essas imagens, acho que o Governo não tem acesso a essas imagens nem a essa realidade", critica.
Ainda assim, o líder da CAP avisa que os agricultores esperam alguns apoios por parte do executivo português, embora sem grande esperança porque "estamos numa seca e, embora existam estes fenómenos de inverno, até ao momento não houve qualquer apoio".
"Os apoios são prometidos, mas depois, ou tarde, ou nunca chegam às pessoas", assinalou, referindo as intempéries sentidas em Trás-os-Montes no início do verão: "Foram as câmaras que tiveram de suportar essa ajuda e o Ministério da Agricultura apareceu muito mais tarde e sem qualquer intervenção útil."
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Agora, os agricultores esperam que "desta vez as coisas sejam diferentes", mas admitem não ter "nenhuma informação de que isso vá acontecer".
Este domingo, vários municípios e associações de agricultores locais de Trás-os-Montes adiantaram à agência Lusa que as intempéries causaram prejuízos de milhares de euros e perdas de produção que chegam aos 70%. Nesta região, os concelhos mais afetados foram Valpaços e Mirandela, nos distritos de Vila Real e Bragança, respetivamente, referiram as mesmas fontes.
Os Bombeiros de Mirandela revelaram, numa publicação na sua página de Facebook, ter registado mais de 20 ocorrências, desde drenagem de caves, garagens, casas e de um conjunto de lavagens de pavimento.