Pedro Nuno Santos "não será oposição" a Costa, mas defende TAP pública e mais apoios na habitação
Pedro Nuno Santos iniciou esta segunda-feira uma nova etapa na carreira política, como comentador televisivo.
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Pedro Nuno Santos não tem "na cabeça" a liderança do PS, pelo menos para já, mas as ambições do antigo ministro são conhecidas. Na estreia como comentador político, o socialista garantiu que não será oposição ao Governo de António Costa, mas mostrou uma visão diferente do rumo do atual Governo: defende TAP pública e pede que os bancos paguem o aumento do crédito à habitação.
O espaço de comentário, na SIC Notícias, começou pelo futuro político de Pedro Nuno Santos, que questionado se vai utilizar o grande ecrã para assumir um papel de oposição ao atual Governo, Pedro Nuno Santos respondeu com um repetido "não", mas admitiu que também não será "porta-voz" de António Costa.
"Não serei oposição ao Governo, mas como também já disse não serei porta-voz. Sou militante do PS, o PS tem uma grande tradição de liberdade de expressão", lembrou, referindo Mário Soares, Manuel Alegre, Sérgio Sousa Pinto e Alexandra Leitão como "pensadores livres".
Questionado sobre a possibilidade de uma nova geringonça, caso o PS não volte a alcançar a maioria absoluta, Pedro Nuno Santos espera que o acordo com a esquerda em 2015 "não tenha sido um parêntese".
Foi António Costa que "quebrou o tabu, que era um problema para o PS", admitiu Pedro Nuno Santos, lembrando que as maiorias absolutas "acontecem muito de vez em quando".
Pedro Nuno quer banca a pagar aumento do crédito à habitação
O antigo ministro teve a pasta da habitação, no Governo de António Costa, mas garante que não se sente responsável pela crise na procura de casa. Por outro lado, admite que o Governo podia ter ido mais longe nos apoios ao crédito à habitação, colocando a banca a pagar o aumento.
"Era justo que os lucros dos bancos portugueses devessem refletir-se na travagem e na redução das prestações pagas pelas famílias, através da taxação e negociação com os bancos", acrescentou.
Em 2011 e em 2012, "foram os portugueses a injetar milhares de milhões de euros na banca portugueses" e em 2023 "temos a banca a aumentar bastante os seus lucros". É um lucro "caído do céu", pelo que Pedro Nuno Santos defende a contribuição da banca, tal como a esquerda e o Chega já defenderam no Parlamento.
"Estado deve manter maioria da TAP"
A TAP é outro tema divergente entre Pedro Nuno Santos e António Costa, já depois de o Governo ter anunciado a venda de pelo menos 51 por cento do capital da companhia aérea. Na opinião do antigo ministro, a TAP deveria ficar na alçada do Estado.
Essa foi uma das pastas de Pedro Nuno Santos, até janeiro deste ano, altura em que deu lugar a João Galamba, lembrando que o Governo "não está obrigado" por Bruxelas a vender a maioria do capital.
"Defendo a abertura do capital da TAP a um grupo de aviação, não a fundos, mas que o Estado mantenha a maioria do capital. Acho que é importante a TAP não ficar sozinho, mas a melhor forma de garantirmos uma TAP a pagar impostos em Portugal, a comprar às empresas portuguesas e a desenvolver o hub de Lisboa, a melhor forma de garantir tudo isso é através do controlo da maioria do capital", sublinhou.
Pedro Nuno Santos iniciou esta segunda-feira uma nova etapa na carreira política, como comentador televisivo, depois de ter deixado o Governo em janeiro deste ano, após a polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora da TAP Alexandra Reis. O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação ocupa agora o lugar de deputado, na Assembleia da República, desde julho deste ano. É um dos 120 deputados da maioria absoluta socialista.
Notícia atualizada às 23h12