Socialistas lembram a Pedro Nuno que "não pode ser voz discordante" e aconselham "moderação"
Para que Pedro Nuno Santos suceda a António Costa na liderança do partido, os socialistas defendem que o antigo ministro não pode ser oposição ao atual Governo.
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A noite de segunda-feira ficou marcada por uma nova etapa na vida política de Pedro Nuno Santos, como o próprio definiu, com um espaço de comentário televisivo, acompanhado com expectativa pelo PS. Socialistas ouvidos pela TSF não esperavam que Pedro Nuno Santos marcasse já diferenças para o Governo de António Costa, mas preferem destacar o tom cordial para com o primeiro-ministro.
É certo que Pedro Nuno Santos mostrou uma visão distinta na venda do capital da TAP, defendendo que o Estado deve manter o controlo da companhia aérea, e pediu a contribuição da banca fazer frente à subida do crédito à habitação. No entanto, "essas são áreas que o Pedro Nuno Santos tutelou".
A TAP é do legado do antigo ministro e um deputado do PS até recorda que Pedro Nuno sempre defendeu que a companhia deveria ser pública, "ao contrário de outros governantes, como o primeiro-ministro, António Costa".
Há ainda quem veja no "raspanete" à banca "uma tentativa para somar votos" a pensar na futura liderança do partido, depois de defender que o Governo deveria ter ido mais longe nos apoios à crise na habitação, pedindo aos bancos que apoiem as famílias numa altura de aumenta do crédito à habitação.
Ainda assim, o mesmo deputado socialista, ouvido pela TSF, aconselha Pedro Nuno Santos a "não seguir o caminho da divergência todas as semanas", no novo espaço de comentário, já que "o PS nunca teve um secretário-geral que andasse a "bater" num governo do próprio partido". O conselho é para que "mostre moderação e não apareça com um ar radical".
Outro socialista, mais próximo de António Costa, deixa de lado as divergências e nota que durante grande parte do temo, "se fechasse os olhos mais parecia ouvir um ministro do atual Governo".
O também deputado viu Pedro Nuno Santos na pele de "ministro sombra" e lembra que vai demorar "um ou dois anos" até que possa despir por completo esse fato e siga caminho a pensar na liderança do partido.
E, de novo, o mesmo aviso: "a base de apoio político de Pedro Nuno é muito semelhante à de António Costa", portanto, "não pode ser uma voz discordante" do atual Governo na nova fase da vida política que agora inicia.
Na estreia no novo espaço de comentário, na SIC Notícias, Pedro Nuno Santos garantiu que não será oposição ao Governo de António Costa, mas também "não será porta-voz" e mostrou uma visão diferente do rumo do atual Governo: defende que a TAP deve ser pública e pede que os bancos paguem o aumento do crédito à habitação, tal como já defendeu a esquerda e o Chega.
Questionado sobre a possibilidade de uma nova geringonça, caso o PS não volte a alcançar a maioria absoluta, Pedro Nuno Santos espera que o acordo com a esquerda em 2015 "não tenha sido um parêntese".