Relatório da Autoridade Nacional de Proteção Civil indica ainda que 12 pedidos de ajuda ficaram sem resposta por falta de meios e 25 por falha de comunicação.
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Durante a resposta às populações afetadas pelas chamas, no incêndio de Pedrógão Grande, "constatou-se que a manobra de evacuação nem sempre foi a mais adequada ou a mais recomendável", concluiu a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) num relatório publicado esta quarta-feira no Portal do Governo, recordando que a proposta de evacuação "é da responsabilidade do comandante operacional municipal".
No entanto, "nos casos em que se aconselhava a evacuação de populações, a decisão foi tomada logo que se verificou o perigo para o aglomerado populacional", apesar de o desiderato nem sempre ter sido possível de alcançar no tempo desejável face "à dispersão de meios e ao comportamento extremo do incêndio que acabou por inviabilizar vários acessos", explica a Proteção Civil, numa resposta às perguntas do Governo sobre o incêndio de Pedrógão Grande, que causou pelo menos 64 mortos.
No documento publicado no Portal do Governo, é enaltecida a "estratégia de combate definida" pelo Comandante das Operações de Socorro, que foi "a defesa perimétrica das habitações". Todavia, "numa fase subsequente, com o aumento do comportamento extremo do incêndio, com várias projeções em simultâneo, (...) aquela opção estratégica revelou-se insuficiente e insegura", nota a ANPC.
Apesar disso, a Proteção Civil reitera que a estratégia prosseguida no combate foi a delineada em conformidade com a Diretiva Operacional Nacional, tendo sido inclusivamente antecipado o tempo do ataque ampliado.
No documento, é ainda vincado que as medidas de antecipação operacional face às informações meteorológicas disponibilizadas "foram sempre ajustadas e adaptadas", sendo que o próprio nível de alerta especial da Proteção Civil "estava acima do que seria expectável".
Para a ANPC, a falta de prevenção estrutural, que considera que "é pouco valorizada", foi "o fator mais determinante para justificar muito do que aconteceu" em Pedrógão Grande.
Doze pedidos de ajuda ficaram sem resposta por falta de meios
Na resposta enviada ao Governo, a Proteção Civil adianta que registou 12 pedidos de ajuda sem resposta durante o incêndio de Pedrógão Grande por falta de meios e 25 por falhas de comunicação, registando-se vítimas e casas destruídas em alguns locais onde foi pedido apoio.
A Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) aponta para a dispersão do dispositivo face à disseminação de localidades afetadas, para a velocidade das chamas e para as dificuldades nas comunicações como fatores que condicionaram a resposta dos operacionais no incêndio de Pedrógão Grande.
No caso dos pedidos de ajuda sem resposta por falhas de comunicação, há situações de feridos, habitações permanentes afetadas e vítimas mortais nas localidades de onde os pedidos foram feitos, não sendo claro, na resposta da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) ao Governo, se os mesmos são consequência direta da falta de intervenção ou intervenção tardia dos operacionais.
No documento publicado no Portal do Governo, a ANPC afirma que "as dificuldades de comunicações que foram sendo sentidas de forma gradual ao longo de toda a fase mais crítica da operação, comprometeram o Comando e Controlo da mesma, com impacto direto na resposta e com especial incidência na transmissão dos pedidos de socorro que foram sendo recebidos via 112".
No entanto, a ANPC salienta que, apesar de se terem sentido algumas falhas nas redes de comunicações, o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria "nunca deixou de transmitir a informação ao PCO, quer através dos telefones do veículo de comunicações no local, quer através dos operadores ou comandantes no Posto de Comando".