Pensões: Montenegro "não estudou assunto", mas há caminho a fazer nas condições da sua atribuição
José Luís Carneiro rejeita taxativamente a ideia de um "bloco central" se for primeiro-ministro.
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O candidato a secretário-geral do PS José Luís Carneiro defendeu esta terça-feira que o líder do PSD, Luís Montenegro, "não estudou bem o assunto" das pensões e do Complemento Social para Idosos, mas reconheceu ser possível "dar um passo em frente" nas condições da sua atribuição.
Luis Montenegro garantiu que, caso fosse eleito, iria aumentar de forma geral as pensões de acordo com a lei, ao mesmo tempo que aumentaria para 820 euros o Complemento Solidário para Idosos, neste caso, de forma gradual e até ao final da legislatura.
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Sobre isto, Carneiro acusa o social-democrata de não ter "estudado bem este assunto", apontando, no entanto, que entende ser possível "formular alterações têm que ver com a condição de recursos e com o modelo da sua atribuição".
"Eu julgo que é possível dar um passo em frente no que respeita à sua automaticidade na atribuição, ou seja, dispensando a formulação do pedido e melhorando a questão relacionada com a condição de recursos, porque faz depender a condição de recursos dos filhos dos beneficiários. Nós sabemos que, muitas das vezes, as condições de vida dos próprios filhos estão também desligadas daquilo que é a condição de vida dos mais idosos e, portanto, eu entendo que aqui é possível melhorar esta prestação, que deve ser avaliada em termos de custos orçamentais e verificar se temos condições para a poder assumir, na medida em que nós defendemos o aperfeiçoamento e a melhoria das prestações sociais, mas também fazendo com responsabilidade orçamental, porque esse é o nosso dever para com as futuras gerações", afirmou.
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Em entrevista à SIC e à SIC Notícias, o candidato à liderança do PS comentou os resultados de uma sondagem feita pela Universidade Católica para a RTP, conhecida esta terça-feira, que aponta José Luís Carneiro como o preferido dos portugueses não só para secretário-geral dos socialistas, mas também para primeiro-ministro.
"Hoje tirei a prova dos nove, ou seja, a prova dos nove mostra que Luís Montenegro teme a minha candidatura como seu adversário nas eleições legislativas, por vários motivos", afirmou, acrescentando que isso se deve ao seu "perfil político e pessoal, mas também por aquilo que são os resultados" do atual Governo.
"A sondagem mostra também que os portugueses reconhecem as políticas que o Governo adotou: valorização de rendimentos, valorização do investimento público, melhoria dos salários, criação de emprego e esses dados são dados que mostram que o PS tem condições para ir a eleições e ganhar as eleições por uma maioria bastante confortável à luz destes dados deste estudo de opinião", considerou.
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José Luís Carneiro criticou ainda a forma como o líder social-democrata se referiu a Pedro Nuno Santos, quando o associou ao "Gonçalvismo", mas defende que, apesar de Montenegro escolher Pedro Nuno como adversário, a escolha dos portugueses é diferente: o caminho para combater extremismos.
"Luís Montenegro procurou escolher o adversário que quis levar às eleições, contudo, como se vê, os portugueses e aqueles que votam no PS, o grande centro político e social que nos deu uma maioria absoluta que é onde eu entendo que o PS deve estar porque é aí que se podem construir soluções de política que evitem a excessiva polarização da sociedade que conduz, como se tem visto, basta olhar para o que se passou nos EUA, no Brasil, para o que se está a passar na Holanda, na Argentina", afirmou.
José Luís Carneiro explica que a "polarização conduz ao crescimento dos extremos que absorvem os centros políticos", assumindo-se assim como o homem certo para "construir pontes" e para evitar que o país caia em extremos, seja de um lado do espetro político, ou de outro.
Nesta entrevista, José Luís Carneiro rejeita ainda ter-se sentido traído por outros nomes socialistas - como Francisco Assis ou Álvaro Beleza - que declararam apoio a Pedro Nuno Santos na corrida à liderança do PS.
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"Assim como devemos respeitar a opinião de cada militante, porque cada militante vale um voto, não há militantes e notáveis. Há militantes, cada um vale um voto. Tendo-se tratado de uma escolha consciente e livre, não tenho porque me sentir incomodado, trata-se de uma opção que devo respeitar", rematou.
O atual ministro foi também questionado sobre a TAP e defendeu que a privatização é para manter, afirmando que conta com Pedro Nuno no futuro, apesar de reconhecer que o antigo ministro das Infraestruturas tece um "impacto nocivo" no dossier da TAP.
"O meu camarada Pedro Nuno terá feito o melhor que pode para defender o interesse do país. Se o método como o fez terá sido, em determinados momentos, o mais adequado, não", defendeu.
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José Luís Carneiro rejeitou ainda taxativamente a ideia de um bloco central se for primeiro-ministro, olhando com prudência para as novas alianças com os partidos à esquerda.
"Não haverá bloco central, para que os meus camaradas e os militantes do PS fiquem conscientes daquilo que é a minha posição. Também não parto para esta eleição dando conta de que quero estabelecer uma nova aliança por uma razão: eu recordo-me que houve uma crise política em 2021 que levou às eleições e a rutura que foi feita com o PS não foi porque o secretário-geral do PS e o primeiro-ministro quisessem essa rutura", sublinhou, acrescentado que foram os partidos à esquerda que assim quiseram.
"O BE mais cedo ainda durante a pandemia e durante o orçamento suplementar e o PCP depois mais tarde, mas depois de um esforço imenso que foi feito pelo secretário-geral do PS e o primeiro-ministro em procurar corresponder a esses dois partidos em duas matérias essenciais: na matéria laboral, por um lado, e nas questões do SNS, por outro", rematou.