"Peso político negativo." PSD também quer ouvir ministra da Agricultura no Parlamento
Os social-democratas exigem esclarecimentos sobre o caso que levou à demissão da secretária de Estado Carla Alves.
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O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, anunciou que os social-democratas já fizeram chegar ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, um requerimento para ouvir, com caráter de urgência, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, no Parlamento. O partido não tem dúvidas de que a ministra está fragilizada politicamente e pede esclarecimentos.
"O Governo, para governar bem, tem de ter autoridade política e não pode ter membros que tenham um peso político negativo. Pedimos, por isso, audição da ministra e da ex-secretária da Estado. Há aqui uma contradição insanável entre as declarações da ministra e da sua secretária de Estado, por isso é importante que esclareça o que sabe. Vamos também pedir que venha ao Parlamento o novo Secretário de estado do Ambiente face às notícias que agora saíram e podem refletir vários conflitos de interesse e incompatibilidades. Depois disso avaliaremos as condições políticas destes membros do Governo", revelou Miranda Sarmento.
O Ministério da Agricultura e da Alimentação garantiu esta sexta-feira que a ministra Maria do Céu Antunes desconhecia "qualquer envolvimento em processos judiciais" da secretária de Estado da Agricultura Carla Alves, que na quinta-feira apresentou a demissão. Um esclarecimento que surge na sequência de uma notícia do jornal Público, que refere que a secretária de Estado demissionária "informou a ministra da tutela, antes de tomar posse como governante na passada quarta-feira, acerca das contas arrestadas que partilha com o marido".
carla Alves apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de "condições políticas e pessoais" para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
O Correio da Manhã noticiou no mesmo dia o arresto de contas conjuntas que a secretária de Estado da Agricultura demissionária tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.
O Ministério Público acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do advogado e antigo autarca socialista, que saiu da liderança do município em 2017, num processo de mais de 4,7 milhões de euros que tem mais três arguidos.
Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.
De acordo com a investigação, foram detetadas nas contas do casal ao longo de vários anos divergências entre os valores depositados e declarados.